quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Maria: Mãe da humanidade


Obediência guiada pela fé, inspirada pelo amor

Assume o tom de vigília natalícia a Liturgia do último domingo do advento. Acrescenta Miquéias uma particularidade às profecias messiânicas: indica-nos o lugar de nascimento do Messias em uma aldeia, pátria de Davi, de cuja descendência era esperado o Salvador. "E tu, Belém de Efrata, tão pequena entre as cidades de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel" (Mq 5,1). Na frase que segue "suas origens são antigas, desde os dias mais remotos" (ibidem), pode-se ver uma alusão às origens eternas e, portanto, à divindade do Messias. Tal é a interpretação de S. Mateus, que no seu Evangelho refere esta profecia como resposta dos sumos sacerdotes acerca do lugar de nascimento de Jesus (2,4-6).


Também como Isaías (7,14), fala Miquéias da Mãe do Messias -"dará à luz aquele que deve dar à luz" (Mq 5,2) - sem nomear o pai, deixando assim entrever, ao menos indiretamente, seu nascimento extraordinário. Apresenta enfim sua obra: salvará e reunirá "o resto" de Israel, guia-lo-á como pastor "com a força do Senhor", estenderá seu domínio "até aos confins da terra" e trará a paz (ibidem, 2.3). É esboçada pela profecia de Miquéias a figura de Jesus, nascido humilde e desconhecido em Belém, contudo Filho de Deus, vindo a remir o "resto de Israel" e trazer salvação e paz a todos os homens.


A este quadro segue um outro mais interior - apresentado por S. Paulo - que põe em relevo as disposições do Filho de Deus no momento da sua encarnação: "Eis que venho... para fazer, ó Deus, a tua vontade" (Hb 10,7). Não foram os antigos sacrifícios suficientes para expiar os pecados dos homens nem para prestar a Deus um culto digno dele. Então se oferece o Filho: assume o corpo que o Pai lhe preparou, nesse corpo nasce e vive no tempo, como vítima oferecida em sacrifício ininterrupto, que será consumado na Cruz. Único sacrifício agradável a Deus, capaz de redimir os homens e vindo a abolir todos os outros sacrifícios. "Eis que venho": a obediência à vontade do Pai é o motivo profundo de toda a vida de Cristo, de Belém ao Gólgota e à Ressurreição. O Natal já está na linha da Páscoa; um e outra formam apenas dois momentos de um único holocausto dirigido à glória de Deus e à salvação da humanidade.


O "eis que venho" do Filho tem o mais perfeito eco no "eis aqui a serva do Senhor", da Mãe. Também a vida de Maria é contínua oferta à vontade do Pai, realizada numa obediência guiada pela fé e inspirada pelo amor... "Por sua fé e obediência gera, na terra, o próprio Filho do Pai" (LG 63); por sua fé e obediência, logo após a mensagem do Anjo parte depressa para oferecer à prima Isabel seus préstimos de "escrava" dos homens, não menos que de Deus. E eis o grande serviço de Maria à humanidade: levar-lhe Cristo como o levou a Isabel.


Por meio da Vlrgem-Mãe, de fato, visita o Salvador a casa de Zacarias e enche-a do Espírito Santo, de tal modo que descobre Isabel o mistério cumprido em Maria, e João exulta no seio da mãe. Tudo isto aconteceu porque Maria acreditou na palavra de Deus e, crendo, ofereceu-se à vontade divina: "Bem-aventurada aquela que acreditou" (Lc 1,45). O exemplo de Maria ensina como pode uma simples criatura associar-se ao mistério de Cristo elevar Cristo ao mundo, mediante um "sim" continuamente repetido na fé e vivido na obediência amorosa à vontade de Deus

domingo, 2 de janeiro de 2011

A Verdadeira Historia da IGreja Universal

A Igreja Universal do Reino de Deus


Dentre as comunidades protestantes pentecostais, a que mais se propaga atualmente é a chamada Igreja Universal do Reino de Deus", fundada no Brasil em 1977 por Edir Macedo Bezerra.

1. Traços biográficos

Edir Macedo Bezerra nasceu no Estado do Rio de Janeiro. Quis ser professor; todavia, abandonou seu curso universitário sem o concluir, pois era uma pessoa deprimida. Procurou alivio na Igreja Católica, mas não se satisfez. Passou então para o espiritismo e freqüentou terreiros de macumba, mas também aí não encontrou as respostas desejadas. Fez- se então membro da Igreja Pentecostal Nova Vida, onde permaneceu até 1974. Deixou-a para pregar; por conta própria, a cura mediante a fé. Em1974, junto com Roberto Augusto Alves, Romildo Soares (seu cunhado) e os irmãos Samuel e Fidelis Coutinho, fundou a Igreja Cruzada do Caminho Eterno. Em 1977 se desentendeu­ com os irmãos Coutinho e, ao lado do cunhado e de Roberto Augusto, inaugurou a Igreja Universal do Reino de Deus na Abolição (zona norte do Rio de Janeiro).

Quatro anos após a fundação, Edir outorgou o título de "bispo" a si próprio e a Roberto Augusto. "Esse negócio de bispo é só um título para envolver os católicos", terá dito Edir Macedo, segundo o depoimento de Roberto Augusto ao Jornal da Tarde de 2/4/1994, pág. 16.

O próprio Roberto Augusto, que "sagrou" Edir como bispo, separou-se de Macedo e retornou à Igreja da Nova Vida; algo de semelhante fizeram vários companheiros de Edir Macedo - entre os quais o famoso pastor Carlos Magno de Miranda, que se retirou para fundar a sua Igreja, dita "do Espírito Santo de Deus". Romildo Soares, cunhado de Edir, afastou-se para constituir sua Igreja, dita "Igreja da Graça". Na verdade, a colaboração com Edir se tornou difícil por causa da prepotência deste líder e eu) virtude do espírito mercantilista que cada vez mais foi prevalecendo em suas atividades.

Feito "bispo" monárquico, Edir criou para si um vasto império. Como pregador do Evangelho e arauto de curas, foi adquirindo vários meios de comunicação e outros bens materiais no Brasil e no exterior.

2. O culto praticado na Igreja Universal

O culto exercido nas sessões da Igreja Universal do Reino de Deus é predominantemente o de atendimento às pessoas que lá compareçam, afetadas por algum problema físico, psíquico, familiar, econômico... Os pastores desta Igreja atribuem o surto desses problemas à intervenção do demônio (não raro confundido com a pomba-gira ou algum exu da Umbanda); consequentemente, aplicam exorcismos - o que se faz em meio a gritos, lágrimas, gemidos, convulsões, pancadas, aclamações, palmas, etc...

Edir Macedo tem o dinheiro cru grande estima: "O dinheiro é uma ferramenta sagrada que Deus usa na sua obra" (Jornal da Tarde, 6/4/1991, pág. 14) - daí a insistência no pagamento do dízimo. Há diversos modos de estimular os fiéis à entrega de dinheiro; exemplificando: são distribuídos envelopes aos crentes, aos quais é dado um prazo fixo para que os devolvam com um fio de cabelo para ser benzido e a contribuição monetária; são também motivo para arrecadar donativos os cultos considerados especiais, que requerem unção com azeite, correntes de libertação, de prosperidade, de Gedeão, do amor.

3. Uma reflexão


Verifica-se que o grande interesse da Igreja Universal e de denomina­ções congêneres é o serviço ao homem. Assim, faz-se da religião um sistema mágico de solução dos mais diversos problemas do indivíduo; cria-se uni novo tipo de 'pronto-socorro': o religioso, o qual pode realizar aparentes prodígios mediante a sugestão movida por temas religiosos (sempre muito penetrantes). O culto a Deus em adoração e louvor se torna secundário quando ocorre, é em função de pretensas curas e façanhas "portentosas".

Ora, religião é, antes do mais, ligação do homem com Deus; tem por objetivo primeiro adorar e glorificar a Deus, porque Ele é santo e infinitamen­te sábio e bom, independentemente deste ou daquele efeito extraordinário. É o que o Pai-Nosso ensina, propondo em suas três primeiras petições um olhar para Deus Pai; depois é que vêm as petições relativas ao homem, enquanto filho de Deus, tendente à Casa do Pai através das estradas desta vida. A religião há de ser teocêntrica, e não antropocêntrica.

Professor Felipe Aquino