quarta-feira, 24 de novembro de 2010

ORAÇÃO EM LÍNGUAS

"Aquele que fala em línguas não fala aos homens, senão a Deus: ninguém o entende, pois fala coisas misteriosas, sob a ação do Espírito."
I Cor 14,2

Muitas pessoas, ao participar pela primeira vez de um grupo de oração, e até mesmo pessoas com algum tempo de caminhada na Igreja, se perguntam sobre a necessidade da oração e do louvor em línguas.
De fato, com a Renovação Carismática se expandindo, a oração em línguas se tornou mais conhecida entre os fiéis da Igreja. Mas, o que é realmente a oração em línguas?
Ao lermos At 2,3-13 (a vinda do Espírito Santo), percebemos como o Espírito Santo se fez presente em Pentecostes, e como houve a primeira grande manifestação da oração em línguas. Guiados pelo Espírito Santo, os apóstolos que estavam reunidos no Cenáculo com Maria, começaram a falar em outras línguas, conforme Espírito Santo lhes concedia que falassem.
Nessa leitura dos Atos dos Apóstolos percebemos o primeiro entendimento a respeito da oração em línguas: oração em uma língua diferente não estudada por aquele que pronuncia, porém entendida.
Mas, a oração em línguas como conhecemos é mais que isso, é a forma de chegarmos a Deus por meio das nossas palavras. Quanto nos faltam palavras em nossa língua para nos comunicarmos com Deus, o Espírito Santo nos inspira palavras novas, uma nova língua, com a qual podemos louvar e bendizer a Deus.
Em Coríntios 12,10, encontramos o segundo entendimento a respeito da oração em línguas, diferente daquele encontrado nos atos dos apóstolos: Não se trata de falar com os homens, mas de falar com Deus. É um modo de oração, na qual aquele que reza em línguas "edifica a si mesmo"(cf. I Cor 14, 4).
Na Igreja de Corinto, esse dom era comum. Todos estavam familiarizados com ele. Por isso, Paulo não se detém na sua descrição ou explicação como se tratasse de algo novo ou desconhecido para seus leitores. Paulo limita-se a disciplinar o uso desse dom na assembléia corintiana. Daí a dificuldade que temos hoje para entendê-lo.
"O Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis" (Rm 8,26).
O dom das línguas não consiste na emissão de simples gemidos ou suspiros inarticulados. É um discurso humano que tem a aparência de uma língua incompreensível tanto para o que fala como para os que o escutam.
É uma forma de oração particular. Não se destina ao culto público, mas à devoção privada. Não consiste em falar verdadeiras línguas estrangeiras. Não se produz em êxtase, no qual se perde o controle racional dos atos.
"Aquele que fala em línguas não fala aos homens, mas a Deus. Ninguém o compreende: movido pela inspiração enuncia coisas misteriosas" (1 Cor 14,2).
Podemos perceber que o dom de línguas é plenamente uma inspiração dada pelo Espírito Santo. É uma forma de chegarmos a Deus, pois para orarmos e louvarmos em línguas é preciso que estejamos abertos a ação do Espírito Santo.
Enfim, a oração em línguas é o cumprimento da palavra: "falarão novas línguas" (Mc 16,17b), que o próprio Senhor Jesus proferiu aos onze discípulos após ressuscitar.

Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo!

As principais linhas doutrinárias do Protestantismo

Em síntese: O protestantismo se apresenta hoje em dia sob centenas de modalidades, muitas vezes divergentes entre si. Todavia repousa sobre linhas básicas, devidas aos respectivos fundadores no século XVI: Lutero, Calvino, Melanchton, Knox... Essas linhas são: 1) a justificação pela fé sem as obras; 2) a Bíblia como única fonte de fé, sujeita ao "livre exame"; 3) a negação de intermediários entre Deus e o crente. Estes princípios serão, a seguir, expostos e avaliados.

O protestantismo representa uma realidade assaz complexa, ou seja, o bloco de aproximadamente 400.000.000 de cristãos que não pertencem nem à Igreja Católica, cujo Pastor visível reside em Roma como sucessor do Apóstolo Pedro, nem às comunidades cristãs orientais (ortodoxa, nestoriana e monofisita), comunidades que se separaram do tronco primordial em etapas sucessivas desde o século V até o século XI.

O iniciador do movimento protestante é Martinho Lutero, que, a partir de 1517, quis reformar o Credo e as instituições cristãs, e por isto se afastou da Igreja dando início ao Luteranismo. Ao lado deste, enumeram-se:

O Calvinismo (que absorveu o Zwinglianismo ou a reforma de Ulrich Zwingli em Zürich, Suíça), movimento afim ao de Lutero, empreendido por Calvino em Genebra, Suíça,

E o Anglicanismo, reforma semelhante oriunda na Inglaterra. Distinguem-se 1) a High Church, Alta Igreja, que conserva muitos elementos do Catolicismo e pretende ser a ponte entre Catolicismo e Protestantismo propriamente dito, e 2) a Low Church, Baixa Igreja, fortemente impregnada de princípios doutrinários do Protestantismo. Os anglicanos mais radicais emigraram para os Estados Unidos onde têm dado origem a novas e novas divisões.

Estas três denominações (Luteranismo, Calvinismo e Anglicanismo) representam o que se pode chamar "Igrejas protestantes tradicionais", todas iniciadas no séc. XVI (os Anglicanos nem sempre aceitam a designação de "protestantes", embora, por seus princípios doutrinários, se filiem ao Protestantismo).

Destes três grandes troncos do Protestantismo derivaram-se centenas de sociedades menores, que por vezes já não recebem o nome de Igrejas, mas o de seitas, visto serem movidas por espírito diverso do das Igrejas; são reformas da reforma, dissidências da dissidência: metodistas, batistas, congregacionais, quakers, Ciência Cristã, Mórmons, Adventistas, Testemunhas de Jeová...

Esses múltiplos grupos protestantes autônomos professam credos diferentes, chegando alguns a negar a própria Divindade de Cristo; o liberalismo doutrinário predomina entre eles. Contudo podem-se enunciar três grandes teses como características dos diversos tipos de Protestantismo: 1) a justificação pela fé sem as obras; 2) a Bíblia como única fonte de fé, interpretada segundo o "livre exame"; 3) a negação de intermediários entre Deus e o crente.

TRÊS PONTOS CAPITAIS

a) A justificação pela fé sem as obras

Lutero considerava esta tese como central dentro da sua Teologia: "artigo do qual nada se poderá subtrair, ainda que o céu e a terra venham a desmoronar" (Artigos de Schmakalde, 1537).

Qual o significado de tal proposição e donde lhe vem a sua importância no Protestantismo?

A resposta não é difícil; deriva-se da situação psicológica em que o reformador se achou em certa fase de sua vida. Lutero fez-se frade agostiniano, mais movido pelo medo (tendo escapado à fulminação por um raio, prometeu entrar no convento) do que por autêntica vocação. No claustro, experimentou a concupiscência, à qual opôs penitência e ascese. Sentindo, porém, continuamente as más tendências em sua natureza, entrou em angustiosa crise: queria libertar-se da concupiscência, mas não o conseguia... Um belo dia julgou ter encontrado a solução: apelando para São Paulo (principalmente para a epístola aos Romanos), começou a ensinar que a concupiscência é realmente invencível; por conseguinte é inútil procurar dominá-la mediante penitência e boas obras. Nem Deus requer isto do homem; basta aceitar Cristo como Salvador, isto é, crer com confiança que Deus Pai, em vista dos méritos de Jesus, não leva em conta os pecados do indivíduo; a fé confiante ("fiducial"), independentemente de boas obras, faz que Deus nos recubra com o manto dos méritos de Cristo, declarando-nos justos. Tal declaração é meramente jurídica ou extrínseca, não afeta o interior da natureza humana; esta, mesmo depois de "justificada", nada pode fazer para obter a salvação eterna, pois se acha como que aniquilada pelo pecado, reduzida à categoria de instrumento inerte nas mãos de Deus ou de serra nas mãos do carpinteiro (assim se formula a famosa tese do "servo arbítrio" de Lutero).

Neste quadro de idéias, vê-se que não se pode falar de cooperação do homem com a graça de Deus, nem de méritos. Lutero e Calvino reconheciam que a caridade nasce da fé, como a maçã provém da macieira, mas (acrescentavam) não são a caridade e suas obras que importam (ou ao menos... que importam em primeiro lugar); o crente pode estar certo da salvação eterna em qualquer fase da sua vida, desde que mantenha a sua fé confiante. Donde o famoso adágio de Lutero: "Pecco fortiter, sed fortius credo. - Peco intensamente, mas ainda mais intensamente creio" (carta a Melanchton, 1s de agosto de 1521); com estas palavras, o reformador não recomendava o pecado, mas queria dizer que a simples confiança no Salvador ainda tem mais peso no processo de salvação do que a culpa do homem. Calvino, do qual muito se inspiraram os presbiterianos e batistas, acentuou ao extremo estas idéias, afirmando que Deus predestina infalivelmente para a salvação eterna, de sorte que, se o homem não perde a sua fé, pode ter certeza de que chegará à bem-aventurança celeste (donde se deriva para o crente um grande reconforto).

b) A Bíblia, única fonte de fé, sujeita ao "livre exame"

A inovadora tese da justificação pela fé fiducial encontrou fundamento numa revisão nas fontes da Revelação cristã. Estas são a Palavra de Deus, que nos vem por dois canais: a Escritura Sagrada e a Tradição oral apregoada pelo magistério da Igreja. Resolveram, pois, rejeitar a Tradição ou o magistério, para só dar crédito à Palavra escrita ou à Bíblia. Esta, para o protestante, tudo contém; é, por si mesma, clara em tudo que concerne à salvação eterna.

Calvino se exprime a respeito em termos muito fortes:

"Quanto à objeção que os católicos nos fazem, perguntando-nos de quem, donde e como temos a convicção de que a Escritura provém de Deus, é semelhante à questão de quem quisesse saber como aprendemos a distinguir a luz das trevas, o branco do negro, o doce do amargo. A Escritura, com efeito, tem seu modo de se manifestar, modo tão notório e seguro que se compara à maneira como as coisas brancas e negras manifestam sua cor e as coisas doces e amargas manifestam o seu sabor" (Institution Chrétienne 17§ 3).

Para ajudar a pessoa a ler e entender a Bíblia, o Espírito Santo dá seu testemunho interior, iluminando a mente e dirigindo o coração. Em conseqüência, cada crente tem o direito de "deduzir" da Bíblia as verdades que ele, em seu bom senso, julgue haverem sido a ele ensinadas pelo Espírito Santo.

Assim o Protestantismo atribui ao indivíduo uma prerrogativa que ele nega à Igreja visível e hierárquica: esta pode errar no seu ensinamento, corrompendo o depósito da fé (apesar das promessas de Cristo, seu Fundador); toca, por conseguinte, a cada cristão, guiado pelo Espírito Santo, encontrar de novo a Palavra de Deus perdida pela Igreja...

A reação do crente protestante contra o magistério eclesiástico é, aliás, típica expressão da mentalidade da Renascença: no séc. XVI o homem criou, sim, uma consciência nova dentro de si, tendente a pôr em xeque qualquer tipo de autoridade, para mais exaltar o indivíduo. "O que rejeito,absolutamente, é a autoridade", escrevia Alexandre Vinet (1797-1847), chefe do movimento dito "da Igreja Livre" na Suíça ocidental calvinista. O Evangelho, para Lutero, devia ser não somente uma escola de obrigações, mas também uma via de libertações (entre as quais, a libertação frente à autoridade religiosa visível).

c) A negação de intermediários entre Deus e o crente

O Protestantismo dá valor decisivo à atitude do indivíduo diante de Deus; segundo a teologia reformada, é a fé subjetiva nos méritos de Cristo que garante a salvação. Em conseqüência, pouca margem aí resta para se conceberem dons de Deus que permaneçam extrínsecos ao indivíduo e a este comuniquem os méritos do Salvador. Em outros termos: não têm cabimento canais transmissores da graça, como sejam ritos e práticas a serem administrados por uma sociedade visível (a Igreja) e por uma hierarquia de ministros oficialmente instituída. Para o protestante, entre o homem justificado pela fé e Deus, não há Sacerdote senão o Senhor Jesus invisível, que está nos céus (a prolongação da Encarnação através da Igreja e dos sacramentos é depreciada): também não há outro Mestre senão o Espírito Santo, que fala nas Escrituras e no íntimo de cada crente, sem se servir de algum magistério visível e objetivo.

Note-se, em particular, a repercussão destas idéias nos conceitos de sacramento e Igreja.

O número dos sacramentos foi notavelmente diminuído pelos doutores do Protestantismo. Dentre os sete tradicionais, Calvino chegou a admitir dois apenas: o Batismo e a Ceia. Quanto à função dos sacramentos, os reformadores nos diriam que estes não são portadores da graça, mas apenas sinais que, lembrando as promessas da benevolência divina, excitam a fé (ou confiança) nessas promessas; estimulada por tais sinais, é a fé que produz a santificação do crente. Os sacramentos portanto não exercem, como se diz em linguagem teológica, causalidade nem física nem moral no processo de santificação; a sua influência fica limitada ao setor psicológico (recordam a palavra de Deus...).

No Calvinismo, torna-se mesmo impossível que a graça esteja associada a algum sinal objetivo, pois ela só é dada aos predestinados; a quem não pertença ao número destes, não adianta recorrer a algum rito sensível. Lutero, um pouco menos inovador neste ponto, afirmava que o Batismo confere a santidade, mas só o faz mediante a fé: "Não o sacramento, mas a fé no sacramento é que justifica. - Non sacramentum, sed fides in sacramento iustificat", escrevia o reformador ao Cardeal Caetano. O Zwinglianismo empalidecia ainda mais o papel dos sacramentos, reduzindo-os a meros testemunhos da fé capazes de unir os homens entre si: pelos sacramentos, ensinava Zwingli, o crente atesta e comprova à Igreja a sua fé, sem que da Igreja receba sequer o selo ou a comprovação da fé.

A prevalência do indivíduo sobre a coletividade se exprime com não menor clareza no conceito protestante de Igreja. Esta, conforme os reformadores, não é um corpo visível, mas sociedade invisível; só uma coisa impede que alguém a ela pertença: o pecado. Quem não se deixa contaminar por este, torna-se membro da igreja, independentemente dos quadros externos nos quais os crentes professam a sua fé. Em geral, dizem os protestantes que a Igreja visível se corrompeu e extinguiu no séc. IV, sob o Imperador Constantino, dada a colaboração do Estado e da Igreja, pois então se introduziram nos mais íntimos redutos do Cristianismo doutrinas e costumes pagãos. Subsiste, porém, a Igreja invisível, a qual continua a vida da comunidade primitiva de Jerusalém. Ora seria essa Igreja invisível que vai tomando corpo nas denominações protestantes a partir do séc. XVI...

Se agora se pergunta como é governada a Igreja invisível, toca-se uma questão árdua para o Protestantismo: este, de um lado, rejeita o Papado e, de outro lado, afirma que todos os fiéis são sacerdotes. Em conseqüência, não restam critérios muito seguros para se constituir o governo da Igreja... Donde a multiplicidade de soluções: há denominações protestantes dirigidas por seus "bispos" (tais são o epíscopalismo anglicano, o metodismo...), bispos, porém, que são mais mentores dos crentes do que sacerdotes ou ministros dos meios de santificação; há-as também dirigidas por presbíteros (o presbiterianismo, por exemplo), e há as dirigidas por meros delegados da coletividade ou da congregação (congregacionalismo, que reproduz o sistema democrático no setor religioso). Vários grupos protestantes não concebem mesmo dificuldade em admitir a autoridade mais ou menos absoluta dos governos civis, no que diz respeito à vida temporal da Igreja (o que resulta em secularização da face visível do Cristianismo).

Expostas sumariamente as três características da teologia protestante, incumbe-nos agora analisar o seu significado.

UMA ESTIMAÇÃO DA DOUTRINA

a) A justificação pela fé sem as obras

Não há dúvida, a Escritura ensina que a remissão dos pecados é gratuitamente outorgada aos homens pelos méritos de Jesus Cristo (cf. Rm 5,8s); o homem não pode merecer o perdão, mas tem que o aceitar contritamente, crendo no amor de Deus e entregando-se humilde a esse amor. Contudo a Escritura ensina outrossim que o perdão concedido por Deus não é mera fórmula jurídica em virtude da qual não nos seria mais levado em conta o pecado, pecado que, apesar de tudo, ficaria inamovível a contaminar a alma. Não; justificação, segundo as Escrituras, é regeneração (cf. Jo 3,3.5; Tt 3,5), elevação à dignidade de filhos de Deus não nominais apenas, mas reais (cf. 1 Jo 3,1), de modo a nos tornarmos consortes da natureza divina (cf. 2Pd 1,4), capazes de produzir atos que imitem a santidade do Pai Celeste (cf. Mt 5,48). Se, por conseguinte, Deus, ao nos perdoar as faltas, nos concede uma nova natureza, está claro, conforme as Escrituras mesmas, que as obras boas que estejam ao alcance desta nova natureza, devem pertencer ao programa de santificação do cristão; elas se tornam condição indispensável para que alguém consiga a vida eterna. Deus não pode deixar de exigir tais obras depois de nos haver concedido o princípio capaz de as produzir.

É óbvio que essas obras boas não constituem o pagamento dado pelo homem em troca da graça de Deus, nem são algo que a criatura efetue independentemente dos méritos de Cristo Salvador, mas são os frutos necessários da ação de Deus (ou da graça) no homem regenerado, são concretizações dos méritos do Salvador; na verdade, é Cristo quem vive no cristão e neste exerce seu influxo vital, como a cabeça nos seus membros e como o tronco da videira nos seus ramos (cf. Gl 2,20; Jo 15,1s).

São Paulo, na epístola dos Romanos, tanto inculca a justificação pela fé sem as obras, porque tem em vista a primeira conversão ou a conversão do pecador a Deus (claro está que esta não pode ser o resultado de obras meritórias prévias). São Tiago, porém, que visa propriamente ao desabrochar da vida cristã após a conversão, inculca fortemente a necessidade das boas obras (por isto a epístola de Tiago muito desagradava a Lutero, que quis negar a sua canonicidade).

Quanto à concupiscência que permanece no cristão por toda a vida, ela não constitui pecado enquanto o indivíduo não lhe dá consentimento; por muito intensa que seja, a graça do Redentor é certamente capaz de triunfar sobre ela. O fato de que a Escritura a chama "pecado" (cf. Rm 7,20), explica-se por estar a concupiscência intimamente ligada ao pecado como conseqüência deste.

De resto, na vida cotidiana os protestantes valorizam altamente as boas obras; falam então linguagem muito semelhante à dos católicos.

A Bíblia e o livre exame

Visto que a S. Escritura teve origem após a pregação oral e como eco da pregação oral dos Profetas e dos Apóstolos, entende-se que a Tradição (transmissão) oral seja necessário critério de interpretação da Bíblia Sagrada. O valor da Tradição se explica pelo fato de que a Revelação oral antecedeu a redação das Escrituras nem foi, por inteiro, consignada nos livros sagrados (os autores sagrados nunca tiveram a intenção de confeccionar um manual completo dos ensinamentos revelados; ver Jo 20,30s; 21,24s); donde se vê quão alheio é ao espírito mesmo da Bíblia interpretá-la independentemente da corrente de doutrinas dentro da qual a Escritura se originou, se conservou e sempre se transmitiu.

Ao que foi dito ainda se pode acrescentar a menção de algumas conseqüências do princípio do livre exame (é pelos frutos que se conhece a árvore!).

Os próprios reformadores e seus discípulos, desejando exaltar a autoridade das Escrituras, tornaram-se deturpadores da Palavra de Deus. Foi, sim, em nome do Antigo Testamento que Lutero permitiu a bigamia a Filipe de Hessen. É em nome das Escrituras que os fundadores de seitas vão ensinando teses fantasistas e contraditórias sobre a data do fim do mundo (tenham-se em vista os Adventistas, as Testemunhas de Jeová, alguns grupos pentecostais). Em nome do livre exame da Bíblia os críticos protestantes têm rejeitado inteiras seções ou até livros escriturísticos; chegam a negar a Divindade de Cristo (o primeiro autor que negou a plena veracidade dos Evangelhos foi o protestante H. S. Reimarusf 1768).

De resto, verifica-se que as comunidades de crentes, tendo abandonado a venerável Tradição transmitida desde os inícios do Cristianismo, ainda, e apesar de tudo, seguem uma tradição,... tradição evidentemente humana, a que deu início tal ou tal fundador de seita. Criou-se em cada denominação de "reformados" uma tradição particular ou uma via própria de interpretação da Bíblia.

É a rejeição de todo magistério munido da autoridade do próprio Deus que gera instabilidade nas comunidades protestantes, ocasionando a criação de novas e novas denominações. A razão destas múltipas reformas não será o fato de que nenhuma delas é realmente guiada pelo Espírito Santo, mas todas são obra meramente humana? Aliás o próprio Lutero já verificava em seus tempos: "Há tantos credos quantas cabeças há".

Alexandre Vinet, já citado, afirmava, por sua vez, no século passado:

"Para mim, o Protestantismo é apenas um ponto de partida; a religião fica muito além dele... A reforma será uma exigência permanente dentro da Igreja; ainda hoje a reforma está por se fazer".

A experiência de 400 anos mostrou que se volta contra os próprios irmãos separados o princípio com que estes quiseram outrora impugnar os católicos: "Mais vale obedecer a Deus do que aos homens" (At 5,29).

A negação de intermediários entre Deus e o crente

Esta posição acarreta, como dizíamos, a negação de várias instituições que se tornaram clássicas no Cristianismo: os sacramentos concebidos como canais da graça, a intercessão dos Santos, o sacerdócio oficial e hierárquico, a visibilidade da Igreja, etc.

Seguem-se três observações aptas a mais evidenciar o erro radical contido no princípio protestante:

a) a rejeição dos sacramentos e do sacerdócio hierárquico contradiz à lei geral que Deus sempre quis observar nas suas relações com o homem: assim como na plenitude dos tempos o Senhor atingiu a criatura mediante o mistério da Encarnação, assim antes e depois desta Ele veio e vem sob sinais sensíveis; principalmente no Novo Testamento a dispensação das graças conserva a estrutura da Encarnação: os sacramentos e sacramentais são matéria consagrada que prolonga e desdobra a estrutura do Verbo Encarnado. Como o corpo de Jesus recebeu outrora a vida divina e a comunicou aos homens seus contemporâneos, assim os elementos corpóreos (água, pão, vinho, óleo, palavras e gestos do homem...) vêm a ser, nos sacramentos, os canais que contêm e transmitem a graça de Deus; não os poderíamos reduzir à categoria de meros estimulantes da memória, vazios de conteúdo sobrenatural, sem quebrar a harmonia do plano da salvação.

b) Nos desígnios de Deus, a santificação do homem sempre foi concebida comunitariamente, em oposição a qualquer individualismo. O Criador houve por bem, no início da história, incluir todos os homens no primeiro Adão; quis outrossim restaurar todos conjuntamente em Cristo; conseqüentemente santifica-nos hoje por meio de uma comunidade, que é a Igreja, caracterizada por sinais objetivos e por um ministério visível, fora do qual ninguém pode pretender encontrar o Cristo. - Exaltando o indivíduo a ponto de relegar para plano secundário a comunidade, o Protestantismo vem a ser autêntico produto da mentalidade subjetivista e antropocêntrica do Renascimento.

c) A Reforma pretende corresponder à Igreja primitiva, anterior à corrupção que "paganizou" o Evangelho... Esta pretensão é tão vã que os mestres protestantes se têm visto obrigados a fazer recuar constantemente o período da "grande corrupção": ao passo que os primeiros reformadores a colocavam no séc. IV, outros foram retrocedendo até os tempos de S. Cipriano (+ 258), S. Ireneu (+ cerca de 202), Clemente Romano (+ 102?) ou até a geração apostólica. O famoso crítico Harnack (+ 1930) chegava a dizer que já os Apóstolos perverteram o Evangelho de Cristo - o que é evidentemente absurdo, pois não conhecemos o Evangelho de Cristo senão através da pregação e dos escritos dos Apóstolos; Harnack, porém, era obrigado a proferir tal contra-senso, porque reconhecia claramente que a Igreja Católica atual corresponde fielmente à Igreja primitiva ou, como dizia ele, que "Cristianismo, Catolicismo e Romanismo constituem uma identidade histórica perfeita" (Theologische Literaturzeitung, 16 jan. 1909).

Fotos do Rito da Criação de Cardeais, no Consistório Ordinário de 2010







Relação sexual pré-matrimonial



Vários são os fatores que servem de estímulo para os casais

É um grande desafio para a juventude viver a castidade até o matrimônio, a chamada "castidade da juventude". Segundo o Catecismo da Igreja Católica, a castidade "significa a integração da sexualidade na pessoa. Inclui a aprendizagem do domínio pessoal". É uma vivência que, aliada à ordenação dos desejos, torna-nos sempre mais semelhantes a Cristo, conduzindo-nos a uma busca pela santidade de maneira responsável.

Entretanto, a castidade é um grande desafio para os casais de noivos no tempo que antecede o matrimônio, pois vários são os fatores que servem de estímulo à prática da relação sexual antes do casamento em uma sociedade supererotizada.

Nesse contexto, no qual o jovem vive a sua sexualidade, eles são incentivados a todo o momento, e por diversos meios, à busca pelo prazer a qualquer preço, resultando na prática de relações sexuais pré-matrimoniais, também conhecida como fornicação.

Há os que buscam o sexo por "aventura" ou uma relação sexual "ocasional", tipo de envolvimento que ocorre quando o jovem, na busca pelo prazer, numa simples experiência pessoal e prazerosa, faz da outra pessoa um objeto de satisfação momentânea. Trata-se daqueles encontros que, de modo geral, acontecem em bailes, festas, na rua ou mesmo em casas de prostituição.

Existe também a relação sexual entre namorados que ocorre quando o casal inicia um relacionamento heterossexual com algumas características singulares (conhecimento mútuo, amizade, respeito, carinho), mas, apesar disso, se encontram em um estágio de superficialidade, pois desconhecem a linguagem do amor. Como nos casos citados anteriormente, mesmo entre namorados trata-se de um modo de satisfação momentânea, uma busca irresponsável pelo prazer, pois ainda não existe um compromisso amadurecido.

Outra forma de praticar o ato sexual que vai totalmente contra os preceitos da Igreja está presente na relação sexual "extramatrimonial": o adultério.

A relação sexual vivida em um amor autêntico é entrega pessoal total e definitiva, por isso precisa estar acompanhada do compromisso definitivo selado diante de Deus e da comunidade.

Qualquer que seja o propósito dos que se envolvem em relações sexuais prematuras, ainda que realizadas com sinceridade e fidelidade, por si só, não é o meio mais adequado para garantir a relação interpessoal verdadeiramente honesta entre um homem e uma mulher e para protegê-los contra os devaneios, as fantasias e os caprichos das paixões. Portanto, a Igreja convida os noivos a viver a castidade na continência. "Nessa provação, eles verão uma descoberta do respeito mútuo, uma aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem ambos da parte de Deus" (CIC 56).

Torna-se cada dia mais necessário e urgente que as famílias cristãs católicas deem testemunho de respeito, de fidelidade, de amor, de carinho e do verdadeiro valor do matrimônio e da família. Assim, serão exemplos de um amor verdadeiro e honesto.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Ser santo sem deixar de ser jovem



Peça a Deus a santidade do dia a dia


Se você ainda continua com a ideia de que os santos eram pessoas tímidas, de fala mansa, que de tanto se curvarem ficaram corcundas, que andavam sempre com hábitos, batinas os véus, que não curtiam a vida e fugiam de todas as coisas deste “mundo”. Esse pensamento mudará após conhecer o beato Pier Giorgio Frassati.

Eu também pensava assim. Olhava para os santos, gostava da ideia, mas me sentia muito longe deles. Achava tudo muito difícil, algo realmente distante da minha realidade. Santos como São Francisco, Santa Rita, São Padre Pio... me chamavam a atenção, mas não me sentia capaz de tantas penitências e tantas renúncias. E, assim, só ficava na intercessão.

Em 2008, tive o grande privilégio de realizar um sonho: participar da Jornada Mundial da Juventude, que aconteceu em Sydney, na Austrália. O mais marcante nessa visita foi encontrar o corpo do beato Pier Giorgio. Havia fotos dele e banners que contavam a história de sua vida espalhados por toda a igreja. E cada banner que eu via crescia em mim a vontade de ser santo. Era como se meu coração pulsasse assim: “É possível”. As fotos mostram-no com a galera, na faculdade, acampando, praticando alpinismo. Todas elas apresentavam uma frase de sua autoria, e cada frase revelava seu firme propósito de ser santo sem deixar de ser jovem.

Depois de andar pelo corredor central da catedral e ficar mexido com tudo o que via, segui por um corredor e deparei com uma urna, na qual estava escrito: "The body of blessed Pier Giorgio Frassati". Meu inglês não foi o suficiente para traduzir o que minha alma lia naquele corpo santo que estava à minha frente. Tive forças apenas para me ajoelhar e fazer um único pedido: "Que eu seja santo como você". Em mim vibrava a possibilidade de ser santo do meu jeito, com meus gostos e estilos. Aquela era a prova concreta de que a santidade é possível; a prova de que Deus não tira nada, mas dá tudo. Tive ali um encontro com Deus e com Sua santidade por meio de Pier Giorgio Frassati.

Pier Giorgio me fez entender que posso ser santo do meu jeito, se, em cada ação minha, mostrar que sou de Deus. Isso mudou a imagem que eu tinha dos santos e comecei a vê-los com outros olhos. Hoje entendo que Deus me chama para uma santidade cotidiana. Santidade feita do ordinário que, cheio do poder de Deus, torna-se extraordinário.

Convido-o para fazer também uma experiência com o beato Pier Giorgio. Peça a Deus a graça da santidade feita no seu tempo, no seu espaço. Peça a Deus a santidade do dia a dia.

Santa Cecília padroeira dos músicos





Dia 22 de novembro, dia do músico, fazemos memória de Santa Cecília padroeira dos músicos. Saiba sobre sua história e testemunho


Existe uma mártir da Igreja que nos deixou uma história fenomenal, é padroeira, protetora dos músicos. Cecília viveu nos primeiros séculos da Igreja, era de família nobre, que tinha posses. Naquele tempo, a Igreja vivia o duro período da perseguição.

Para professar a fé, se encontrar com a Palavra e a Eucaristia muitos tinham que celebrar às escondidas. Muitas vezes isso acontecia nas casas das famílias e Cecília tinha o prazer de emprestar sua casa para a celebração da Santa Missa.

Cantava maravilhosamente, fazendo com que todos sentissem a presença de Deus, também era instrumentista – tocava piano e harpa. E, por causa de sua beleza externa e também por causa de sua voz, o imperador quis possuí-la; então a convidou para ir até seu palácio e lhe fez esta proposta: “venha morar comigo aqui no palácio e eu lhe darei tudo que você ainda não pôde experimentar. Quero ouvir sua música e ter você a meu lado”.

Ela respondeu que não poderia ir, porque estava noiva e amava Jesus de Nazaré. Então voltou para casa, mas começa a ser perseguida pelo imperador para que mudasse de idéia. Mas permaneceu fiel.

Chegando o dia das núpcias de Cecília, quando partilharia com seu esposo o amor que celebraram diante de Deus. No leito nupcial, ela faz uma revelação a seu esposo, olhando em seus olhos, “O amor do Senhor me conquistou. Eu te amo também, mas preciso lhe pedir que me permita viver para Ele, mesmo estando a seu lado. Guardando a minha virgindade.”

O marido confuso, mas também tocado por suas palavras responde “Eu acredito em você se um anjo vier e disser que você pertence a Deus”. Então Cecília se ajoelhou e fez uma oração que seu esposo jamais esqueceu, pedindo a Deus este sinal.
Aqui encontramos a espiritualidade do músico pois a canção, na verdade, é extensão, conseqüência de toda intimidade que o músico tem com o Senhor.

O anjo então, se entrou no quarto nupcial e se aproximando do esposo, diz “Ela pertence ao Senhor”. Naquela hora, o esposo consagrou-se também ao Senhor para viver unido a ela como casal, mas os dois castamente para o Senhor.

Mas o imperador não desistiu e depois matar o esposo de Cecília, pediu-lhe que renunciasse a Deus. Ela negou e ficou presa uma semana, sem nenhum contato com ninguém, não podia nem cantar. Mas permaneceu firme e consciente do que queria, mesmo enfraquecida. Todo músico passa por situações dolorosas, quem não sofre não vive, quem não vive não cresce, quem não cresce não morre e quem não morre não ressuscita.

Depois de ter sobrevivido a um incêndio, tiraram-lhe seu instrumento mais precioso – sua voz. O soldado cortou com uma faca a garganta de Cecília. É conhecimento médico que alguém sofrendo um corte nesta área, morre em minutos. Mas por um milagre ela sobreviveu ainda por três dias.

Os cristãos que estavam por perto, pediram que escrevesse um “testamento”. Cada músico precisa pensar em seu testamento. Nosso Senhor deixou seu testamento na cruz, por meio das 7 palavras. Qual herança você vai deixar?
Cecília escrevia as últimas recomendações a seus criados e amigos. Uma delas era que sua casa fosse transformada em uma Igreja, e de fato hoje a casa de Cecília está no subsolo de sua basílica. Antes de morrer disse, por meio de gestos “morro por causa de meu Deus”

Dê a Deus o seu melhor, como Cecília que não teve medo de dar até a própria vida. Nós precisamos de cristãos que tem a coragem de dar a vida, há esperança para o nosso Brasil, há esperança para a Igreja.

Não retenha nada para si, confie, dê ao Senhor o seu máximo. Porque Ele já lhe deu tudo, já fez tudo por você. Músico não retenha nenhuma nota sequer, dê tudo ao Senhor.

Não espere amanhã, não podemos aumentar um dia sequer na nossa existência. E se for a sua última chance? Renda-se diante do amor de Deus, renda-se diante do tudo que Deus lhe deu. Se você precisa de ajuda, eu também preciso, todos nós precisamos. Mas comece com humildade, uma coisa de cada vez. Comece rendendo-se ao Senhor.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Santíssima Ave Maria, Concebida sem Pecado


Ave Maria, Concebida sem Pecado .


Romanos 3,23 diz “com efeito, todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus”. 1 João 1,8 acrescenta “se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós”. Estes textos não poderiam ser mais claros para milhões de protestantes: “Como poderia alguém acreditar que Maria estava livre de todo pecado à luz dessas passagens da Escritura?”. Além do mais, Maria mesma disse 'Meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador' em Lucas 1,47. Ela claramente se viu como uma pecadora se admite precisar de um salvador.”







A Resposta Católica



Não poucos protestantes estão surpresos por descobrir que a Igreja Católica na verdade concorda que Maria foi “salva”. De fato, Maria precisou de um salvador! No entanto, Maria foi salva do pecado de uma maneira muito sublime. Foi-lhe dada a graça de ser “salva” completamente do pecado de tal modo que nunca cometeu nem mesmo uma leve transgressão. Os protestantes tendem a enfatizar a “salvação” de Deus quase exclusivamente com o perdão dos pecados realmente cometidos. Porém a Sagrada Escritura indica que a salvação também possa se referir ao homem sendo protegido do pecado antes do fato:



Àquele, que é poderoso para nos preservar de toda queda e nos apresentar diante de sua glória, imaculados e cheios de alegria, ao Deus único, Salvador nosso, por Jesus Cristo, Senhor nosso, sejam dadas glória, magnificência, império e poder desde antes de todos os tempos, agora e para sempre. Amém. (Judas 1,24-25)



Seiscentos anos atrás, o grande teólogo franciscano Duns Scotus explicou que a queda no pecado poderia ser comparada ao homem se aproximando despercebidamente de um buraco profundo. Se ele cai no buraco, precisa de alguém para baixar uma corda e salvá-lo. Mas se alguém o avisasse do perigo à frente, prevenindo-o de cair no buraco, ele seria salvo de cair no lugar. Da mesma forma, Maria foi salva do pecado por receber a graça de ser preservada dele. Mas ela ainda foi salva.



Todos Pecaram Exceto...



Mas e quanto ao “todos pecaram” (Rm 3,23) e “se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós” (1 Jo 1,8)? “Todos” e “qualquer homem” não incluiriam Maria? Superficialmente, soa razoável. Mas esta maneira de pensar levaria à conclusão lógica de listar Jesus Cristo em companhia dos pecadores. Nenhum cristão de fé concordaria em dizer isso. Entretanto nenhum cristão pode negar os textos claros da Escritura declarando Cristo cheio de humanidade também. Desta maneira, tomar 1 João 1,8 em um sentido estrito, literal seria aplicar “qualquer homem” a Jesus também.

A verdade é que Jesus Cristo foi uma exceção a Romanos 3,23 e 1 João 1,8. E a Bíblia nos conta que ele estava em Hebreus 4,15: “Ao contrário, passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado.” A questão agora é: há outras exceções a esta regra? Sim – milhões delas.

Tanto Romanos 3,23 quanto 1 João 1,9 tratam mais de pecados pessoais do que original (Romanos 5 trata de pecado original). E há também duas exceções àquela norma bíblica geral. Mas por ora simplesmente trataremos de Romanos 3,23 e 1 João 1,8. Primeiro, João 1,8 obviamente se refere a pecado pessoal porque no próximo verso, João nos diz “se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade.” Nós não confessamos o pecado original, mas sim pecados pessoais.

O contexto de Romanos 3,23 esclarece que também se refere a pecado pessoal:

“Não há nenhum justo, não há sequer um. Não há um só que tenha inteligência, um só que busque a Deus. Extraviaram-se todos e todos se perverteram. Não há quem faça o bem, não há sequer um (Sl 13,lss). A sua garganta é um sepulcro aberto; com as suas línguas enganam; veneno de áspide está debaixo dos seus lábios (Sl 5,10; 139,4). A sua boca está cheia de maldição e amargar (Sl 9,28).” (Rm 3,10-14)
O pecado original não é algo que façamos; é algo que herdamos. O terceiro capítulo de Romanos trata de pecados pessoais porque fala de pecados cometidos pelo pecador. Com isto em mente, considere: um bebê no útero ou uma criança de dois anos já cometeram um pecado pessoal? Não. Para pecar, uma pessoa precisa saber que o ato que está para realizar é pecaminoso enquanto livremente empenhando sua vontade para realizá-lo. Sem as devidas faculdades para possibilitá-las a pecar, as crianças antes da idade de responsabilidade e qualquer um que não tenha o uso de seu intelecto e vontade não podem pecar. Então, há e houve milhões de exceções a Romanos 3,23 e 1 João 1,8.

Ainda assim, como sabemos que Maria é uma exceção à norma do “todos pecaram”? E mais especificamente, há suporte bíblico para esta alegação? Sim, há muito suporte bíblico.



O Nome Diz Tudo



Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo. Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. (Lucas 1,28-30).



Muitos protestantes insistirão que este texto é pouco mais do que uma saudação comum do Arcanjo Gabriel a Maria. “O que isto tem a ver com Maria ser sem pecado?”. Entretanto, a verdade é que, de acordo com a própria Maria, esta não foi uma saudação comum. O texto revela Maria ter-se perturbado “com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação” (Lucas 1,29, ênfase atribuída). O que havia nesta saudação de tão incomum para Maria reagir desta maneira? Podemos considerar pelo menos dois aspectos importantes.



Primeiro, de acordo com os estudiosos bíblicos (bem como com o Papa João Paulo II), o anjo fez mais que uma simples saudação a Maria. O anjo na realidade comunicou um novo nome ou título a ela. (cf. Redemptoris Mater, 8, 9). Em grego, a saudação foi kaire, kekaritomene, ou “Ave, cheia de graça”. De modo geral, quando um saudava o outro com kaire, um nome ou título seria encontrado no contexto imediato. “Salve, rei dos judeus” em João 19,3 e “Cláudio Lísias ao excelentíssimo governador Félix, saúde!” (Atos 23,26) são dois exemplos bíblicos disto. O fato de que o anjo troca o nome de Maria na saudação por “cheia de graça” não era incomum. Isto me seria análogo falando com alguém dos colegas técnicos da Catholic Answers e dizer “Olá, ele que conserta computadores.” Na cultura hebraica, nomes e mudanças de nomes nos dizem algo permanente sobre o caráter e o chamamento do nomeado. Apenas retome as mudanças de nome de Abrão para Abraão (de “pai” para “pai das multidões”) em Gênesis 17,5, Sarai para Sara (“minha princesa” para “princesa”), em Gênesis 17,15 e Jacó para Israel (“suplantador” para “ele que prevalece com Deus”) em Gênesis 32,28.



Em cada caso, os nomes revelam algo permanente sobre o nomeado. A transição de Abraão e Sara de ser um “pai” e uma “princesa” de uma família para ser “pai” e “princesa” ou “mãe” de um povo inteiro de Deus (veja Rm 4,1-18; Is 51,1-2). Eles se tornam patriarca e matriarca do povo de Deus para sempre. Jacó/Israel se torna patriarca cujo nome, “ele que prevalece com Deus”, continua para sempre na Igreja, que se chama “Israel de Deus” (Gl 6,16). O Povo de Deus “prevalecerá com Deus” para sempre na imagem do patriarca Jacó.



O que está em um nome? Segundo a Escritura, muito.



São Lucas usa o particípio perfeito passivo, kekaritomene, como seu “nome” para Maria. Esta palavra literalmente significa “ela que foi agraciada” em um sentido completo. Este adjetivo verbal, “agraciada”, não está apenas descrevendo uma simples ação do passado. O grego tem um outro tempo para isso. O tempo perfeito é usado para indicar que uma ação se completou no passado resultando num estado de ser presente. “Cheia de graça” é o nome de Maria. Então o que isso nos diz sobre Maria? Bem, a média cristã não está completa em graça e em um sentido permanente (ver Fl 3,8-12). Mas de acordo com o anjo, Maria está. Você e eu pecamos, não por causa da graça, mas por causa de uma falta de graça, ou uma falta de nossa cooperação com a graça em nossas vidas. Esta saudação do anjo é uma dica para o caráter único e chamativo da Mãe de Deus. Somente a Maria é dado o nome “cheia de graça” e no tempo perfeito, indicando que este estado permanente de Maria foi completo.



Arca da (Nova) Aliança



A Arca da Aliança no Antigo Testamento foi um verdadeiro ícone do sagrado. Porque continha a presença de Deus simbolizada pelos três tipos de Messias vindouros – o maná, os Dez Mandamentos, a vara de Araão – devia ser pura e intocada por homem pecador (ver 2 Sm 6,1-9 e Ex 25,10; Nm 4,15).



No Novo Testamento, a nova Arca não é um objeto inanimado, mas uma pessoa: a Mãe Abençoada. Quanto mais pura seria a nova Arca quando consideramos a velha arca como uma mera “sombra” em relação a ela (ver Hb 10,1)? Esta imagem de Maria como a Arca da Aliança é um indicador de que Maria estaria convenientemente livre de todo contágio de pecado para ser um meio digno de levar Deus no ventre. E mais importante: assim como a Antiga Arca da Aliança era perfeitamente boa do momento que foi construída com instruções divinas explícitas em Êxodo 25, também Maria seria pura do momento de sua concepção.



1. A Arca da Aliança continha três tipos de Jesus dentro: maná, vara de Araão e os Dez Mandamentos. Em hebraico, mandamento (dabar) pode ser traduzido por “palavra”. Compare: Maria carregou a realização de todos esses tipos em seu corpo. Jesus é o “verdadeiro ‘maná’ do céu” (João 6,32), o verdadeiro “Sumo Sacerdote” (Hebreus 3,1) e “a palavra se fez homem” (João 1,14).



2. A nuvem de glória (hebraico, Anan) foi representativa do Espírito Santo e “ensombrou” a Arca quando Moisés a consagrou em Ex 40,32-33. A palavra grega para “ensombrar” encontrada na Septuaginta é uma forma de episkiasei. Compare: “O Espírito Santo virá sobre Ti e o poder do Altíssimo Te cobrirá com a sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de Ti será chamado Filho de Deus” (Lucas 1,35). A palavra grega para “ensombrar” é episkiasei.



3. David “pulou e dançou” perante a Arca quando estava sendo carregada a Jerusalém em procissão em 2 Samuel 6,14-16. Compare: Assim que Isabel ouviu o som da saudação de Maria, João Batista “pulou de alegria” em seu ventre (cf. Lucas 1,41-44).



4. Depois de uma manifestação do poder de Deus trabalhando através da Arca, David exclama “Como pode a Arca do Senhor vir até mim?”. Compare: Depois da revelação a Isabel do verdadeiro chamado de Maria, que estava carregando Deus em seu ventre, Isabel exclama “Como posso merecer que a Mãe do meu Senhor me venha visitar?” (Lucas 1,43)



5. A Arca do Senhor “permaneceu na casa de Obed-Edom... três meses” em 2 Samuel 6,11. Compare: Maria permaneceu com “Isabel” por aproximadamente três meses”. (Lucas 1,56)



A Nova Eva



É-nos importante recordar que as realizações da Nova Aliança são sempre mais gloriosas e mais perfeitas do que seus tipos do Antigo Testamento, que são “apenas uma sombra dos bens futuros” na Nova Aliança (Hb 10,1). Com isso em mente, consideremos a revelação de Maria como a Nova Eva. Depois da queda de Adão e Eva em Gênesis 3, Deus prometeu o advento de uma outra “mulher” em Gênesis 3,15, ou uma “Nova Eva” que iria se opor a Lúcifer, e cuja “descendência” esmagaria sua cabeça. Esta “mulher” e “sua descendência” reverteriam o curso, por assim dizer, que o “homem” e a “mulher” originais trouxeram sobre a humanidade por sua desobediência.



É muito significante notar aqui que “Adão” e “Eva” são revelados simplesmente como “o homem” e “a mulher” antes de que o nome da mulher fosse mudado para “Eva” (hebraico, “mãe dos viventes”) depois da queda (ver Gn 2,21). Quando então olhamos para a Nova Aliança, Jesus é explicitamente referido como o “último Adão” ou o “Novo Adão” em 1 Cor 15,45. E Jesus mesmo indica que Maria é a “mulher” ou “Nova Eva” profética do Gênesis 3,15 quando ele se refere à sua mãe como “mulher” em João 2,4 e 19,26. Além do mais, São João se refere a Maria como “mulher” oito vezes no Apocalipse 12. Assim como a primeira Eva trouxe a morte a todos seus filhos pela desobediência e prestando atenção às palavras da antiga serpente, o diabo, a “Nova Eva” do Apocalipse 12 traz vida e salvação a todos seus filhos por sua obediência. A mesma “serpente” que enganou a mulher original do Gênesis é mostrada, no Apocalipse 12, falhando em sua tentativa de dominar esta nova mulher. A Nova Eva vence a serpente e como um resultado “cheio de raiva por causa da Mulher, o Dragão começou então a atacar o resto dos seus filhos, os que obedecem aos mandamentos de Deus e mantêm o testemunho de Jesus”. (Ap 12,17)



Se Maria é a Nova Eva e as realizações do Novo Testamento são sempre mais gloriosas do que as antecedentes no Antigo Testamento, seria impensável Maria ser concebida em pecado. Se ela fosse, seria inferior a Eva, que foi criada em um perfeito estado, livre de todo pecado.

O que é namorar?

O namoro é dinâmico como a própria vida das pessoas.

Hoje a liberdade é enorme quando se fala desse assunto, o que, aliás, torna-se ocasião para muitos desvirtuamentos em termos de namoro.

Coisas que para a geração anterior era impensável, hoje tornou-se comum entre os jovens; por exemplo, viajar juntos sem os pais; dormirem na mesma casa, etc.

Se por um lado esta liberação pode até facilitar a maturidade dos jovens namorados, não há como negar que é uma oportunidade imensa para que o relacionamento deles ultrapasse os limites de namorados e precipite a vida sexual.

Lamentavelmente tornou-se comum entre os casais de namorados a vida sexual, inadequada nesta fase.

O namoro, como já mostramos, é o tempo de conhecer o outro, escolher o parceiro com quem a vida será vivida até a morte, e é o tempo de crescimento a dois.

Tudo isto será vivido através de um diálogo rico dos dois, pelo qual cada um vai se revelando ao outro, trocando as suas experiências e as suas riquezas interiores, e assim, começa a construção recíproca de cada um, o que continuará após o casamento.

O namoro é acima de tudo o encontro de duas pessoas, capazes de pensar, refletir, cantar, sonhar, sorrir e chorar.

O mar é belo e imenso, mas não sabe disso; a terra é bela e rica, mas não sabe disso; o pássaro é belo e não sabe disso.

Você é bela, inteligente, livre, dotada de vontade e de consciência; e você sabe disso.

Você não é um objeto; é uma pessoa, Um ser espiritual e psíquico.

O namoro implica no reconhecimento da "pessoa" do outro, a sua aceitação e a comunicação com ela.

É diferente conhecer uma pessoa e conhecer um objeto.

O objeto é frio, a pessoa é um "mistério" ; não pode ser entendida só pela inteligência, pois a sua realidade interior é muito mais rica do que a idéia que fazemos dela pelas aparências.

Você só poderá conhecer a pessoa pelo coração e pela revelação que ela faz de si mesma a você.

No objeto vale a quantidade, o peso, o tamanho; a forma, o gosto; na pessoa vale a qualidade.

O objeto é um problema a ser resolvido, a pessoa é mistério a ser revelado e compreendido.

Saiba que você está diante de uma pessoa que é única (indivíduo), insubstituível, original, distinta de todos os outros...

Alguém já disse que cada pessoa é "uma palavra de Deus que não se repete".

Não fomos feitos numa fôrma.

No namoro você terá que respeitar essa "individualidade" do outro, para não sufocá-lo.

Muitas crises surgem porque ambos não se respeitam como pessoas e únicos. É por isso que as comparações e os padrões rígidos podem ser prejudiciais.

Você não pode querer que a sua namorada seja igual àquela moça que você conhece e admira; o seu namorado não tem que ser igual ao seu pai... Cada um é um.

A liberdade é uma condição essencial da pessoa. Sem liberdade não há pessoa.

É no encontro com o outro que a pessoa se realiza; e aqui está a beleza do namoro vivido corretamente. Ele leva você a abrir-se ao outro. A partir daí você deixa de ser criança e começa a tornar-se adulto; porque já não olha só para si mesmo.

O namoro é esse tempo bonito de inter-comunicação entre duas almas.

Mas toda revelação implica num comprometimento de ambos e num engajamento de vidas.

"Tu te tornas eternamente responsável por aquele que cativas", disse o Pequeno Príncipe.

Você se torna responsável por aquele que se revela a você do mais íntimo do seu ser.

Cuidado, portanto, para não "coisificar" a sua namorada.

Às vezes essa coisificação do outro se torna até meio inconsciente hoje. Ela acontece, por exemplo, quando o noivo proíbe a noiva de usar batom, ou a proíbe de cortar os cabelos.

O marido "coisifica" a esposa quando a obriga a ter uma relação sexual com ele, quando não a permite participar das "suas" decisões financeiras; quando proíbe que ela possa ter alguma atividade na Igreja, etc.

O namorado "coisifica" a namorada quando faz chantagens emocionais com ela para conseguir o que quer.

A namorada "coisifica" o namorado quando o sufoca fazendo-o ficar o tempo todo do seu lado, sem que o rapaz possa fazer outros programas com os amigos.

O pai coisifica o filho quando o submete a si como se fosse um escravo...

Não faça do outro um objeto, e não deixe que o relacionamento de vocês se torne numa "dominação do outro", mas um "encontro" entre ambos.

Nem Deus tira a nossa liberdade; Ele a respeita, pois sem isto seríamos marionetes, robôs, e não pessoas.

Ainda que o homem se ponha contra Ele - como acontece tanto! - ainda assim Ele o ama, e nunca trata-o como um objeto.

Coisificamos o outro quando o usamos; isto é triste.

O namoro é o tempo da "descoberta", do outro.

E isso se faz pelo diálogo, que é o alimento do amor.

Há muitos desencontros porque falta o diálogo.

Namorar é dialogar!

O diálogo é mais do que uma conversa; é um encontro de almas em busca do conhecimento e do crescimento mútuo.

Sem um bom diálogo não há um namoro feliz e bonito.

É pelo diálogo que o casal - seja de namorados ou cônjuges - aprende a se conhecer, ajudam-se mutuamente a corrigir as suas falhas, vencem as dificuldades, cultivam o amor, se aperfeiçoam e se unem cada vez mais.

Os namorados que sabem dialogar sabem escolher bem a pessoa adequada, fazendo uma escolha com lucidez e conhecimento maduro.

Sem diálogo o casal não cresce, e o namoro não evolui, porque cada um fica trancado e isolado com os seus próprios problemas.

Sem ele o casal pode cair na "crise do silêncio", ou apenas trocar palavras vazias, ou ainda, o que é pior, discutir e brigar.

Por falta do diálogo, muitas vezes, cada um leva a "sua" vida e ignora o outro; ora, isto não é vida a dois, nem preparação para o casamento.

São muitas as dificuldades para o diálogo, mas há também muitos pontos que o favorecem.

Vamos examiná-los.

Muitos não conseguem dialogar porque não estavam habituados a isto antes do namoro. Pode ser que tenha vindo de uma família que não tinha esse hábito. Neste caso, será preciso ter a intenção de dialogar, romper o mutismo e abrir-se.

Também o orgulho, o medo de reconhecer os próprios erros, o não querer "dar o braço a torcer", a vaidade de querer sempre ter razão, bloqueiam o diálogo.

A falta de tempo, o trabalho em demasia, a televisão, o jornal, a revista, a internet, podem prejudicar o diálogo; se não forem dosados...

Há também os condicionamentos de infância; às vezes a autoridade excessiva dos pais, a falta de liberdade para expressar as próprias idéias e opiniões; a super proteção que sufocou o espírito de iniciativa; a falta de participação nas soluções dos problemas familiares; tudo isto dificulta o diálogo.

Portanto, será preciso esforço, vontade de vencer-se e acertar.

Para haver diálogo você precisa aprender a ouvir o outro; ter paciência para entender o que ele quer dizer, e, só depois, concordar ou discordar.

Seja paciente, não corte a palavra do outro antes dele completá-la.

Lembre-se, diálogo não é discussão.

É preferível "perder" uma discussão do que dominar o outro.

Dialogar é acolher o outro com o coração disponível. É aprender a "olhar" o outro, conhecer sua vida profissional, familiar, seus gostos, suas aspirações, dificuldades, lutas... com respeito e atenção.

Deixe que o outro tenha "entrada franca" no coração. Não ponha "cães de guarda" nas portas do seu palácio interior pois o outro pode ficar com medo de entrar.

Quem são esses cães?

O seu orgulho refinado, sutil, mas que esnoba e subjuga o outro...

O seu egoísmo que chama tudo sempre para você.

A inveja do sucesso do outro, que o impede de crescer.

A sua ironia que faz pouco caso do que ele está dizendo...

A sua estupidez e grosseria que magoam o outro...

São esses - e muitos outros - os "cães de guarda" que pomos à porta do coração.

Às vezes ela ou ele vai embora dizendo:

"Não tive coragem de entrar... tive medo que ele risse de mim... que não me compreendesse... tive medo de ser ridícula".

Não deixe que ele fique te esperando tanto até desanimar. Para que você possa acolher o outro é preciso despojar-se de si mesmo, estar disponível. É preciso que você aceite criar este vazio no seu interior para que o outro possa ocupá-lo.

É preciso fazer silêncio em você, para poder ouvir e entender a voz do outro. Só assim você será atencioso com ela; e então o diálogo acontecerá. Saiba sorrir para o outro; não custa nada e ilumina tanto!...

Saiba fazer silêncio....

As palavras são os veículos da alma que se exprime, desabafa e se acalma.

Aprenda a escutar o seu namorado atenciosamente; preste-lhe esta homenagem.

Saiba falar mais daquilo que lhe interessa, do que aquilo que interessa a você. Não fique pensando em você enquanto o outro fala, pense nele.

Há um escrito que diz assim:



As cinco palavras mais importantes são:

"Estou muito satisfeito com você"

As quatro palavras mais importantes:

"Qual a sua opinião?"

As três palavras mais importantes:

"Faça o favor".

As duas palavras mais importantes:

"Muito obrigado"

A palavra menos importante: "EU"!