quinta-feira, 15 de abril de 2010

A presença real de Cristo da Eucaristia

Desde que Jesus instituiu a Eucaristia na Santa Ceia, a Igreja nunca cessou de celebrá´la, crendo firmemente na presença do Senhor na Hóstia consagrada pelo sacerdote legitimamente ordenado pela Igreja. Nunca a Igreja duvidou da presença real do Corpo, Sangue, Alma e Divindade do Senhor na Eucaristia. Desde os primeiros séculos os Padres da Igreja ensinaram esta grande verdade recebida dos Apóstolos. São Cirilo de Jerusalém (315´386) assim falava aos fiéis: ´Na cavidade da mão recebe o corpo de Cristo; dize Amém e com zelo santifica os olhos ao contato do corpo santo... Depois aproxima´te do cálice. Dize Amém e santifica´te tomando o sangue de Cristo. A seguir, toca de leve os teus lábios, ainda úmidos, com tuas mãos, e santifica os olhos, a testa e os outros sentidos (ouvidos, garganta, etc.)´ Santo Efrém Sírio (306´444) falava da Eucaristia como ´Glória ao remédio da vida´.

Santo Agostinho (354´430) a chamava de ´ o pão de cada dia, que se torna como o remédio para a nossa fraqueza de cada dia.´ E ainda dizia: ´Ó reverenda dignidade do sacerdote, em cujas mãos o Filho de Deus se encarna como no Seio da Virgem´ . ´A virtude própria deste alimento divino é uma força de união que nos une ao Corpo do Salvador e nos faz seus membros a fim de que nos transformemos naquilo que recebemos´. São Cirilo de Alexandria (370´444) dizia que ao comungarmos o corpo de Cristo nos transformamos em ´Cristóforos´, portadores de Cristo. Na sua ´Profissão de Fé´, o conhecido ´Credo do Povo de Deus´, o Papa Paulo VI afirmou: ´Cremos que como o pão e o vinho consagrados pelo Senhor, na Última Ceia, foram mudados no seu Corpo e no seu Sangue, que iam ser oferecidos por nós na Cruz, assim também o pão e o vinho consagrados pelo sacerdote se mudam no Corpo e no Sangue de Cristo glorioso que está no céu, e cremos que a misteriosa presença do Senhor naquilo que misteriosamente continua a aparecer aos nossos sentidos do mesmo modo que antes, é uma presença verdadeira, real e substancial´. (cf. Dz. Sch. 1651) Em seguida, Paulo VI deixa claro que se afastam da fé católica aqueles que não aceitam esta verdade. ´Toda explicação teológica que procura alguma inteligência deste mistério deve, para estar de acordo com a fé católica, admitir que na própria realidade, independentemente do nosso espírito, o pão e o vinho cessaram de existir depois da consagração, de tal modo que estão realmente diante de nós o Corpo e o Sangue adoráveis do Senhor Jesus, sobre as espécies sacramentais do pão e do vinho, conforme Ele assim o quis, para se dar a nós em forma de alimento e para nos associar à unidade do seu Corpo Místico´. (cf. S. Th., III, 73, 3) Com essas palavras o Papa deixou muito claro que a Eucaristia não se trata apenas de um ´sinal´, ou ´símbolo´, nem mesmo ´lembrança´, mas da presença real e substancial do Senhor.

Ele ainda acrescenta o seguinte: ´A única e indivisível existência do Senhor glorioso que está no céu não é multiplicada, mas torna´se presente pelo Sacramento, em todos os lugares da terra onde a Missa é celebrada. E permanece presente, depois do sacrifício, no Santíssimo Sacramento, que está no Sacrário, coração vivo de cada uma das nossas igrejas. E é para nós um dulcíssimo dever honrar e adorar na sagrada Hóstia, que os nossos olhos vêem, o Verbo Encarnado, que eles não podem ver e que, sem deixar o céu, se tornou presente no meio de nós.´ (Credo do Povo de Deus, Ed. Cléofas, 1998) Na Última Ceia, Jesus foi muito claro: ´Isto é o meu corpo´. ´Isto é o meu sangue´ (Mt 26,26´28). Ele não falou de ´símbolo´, nem de ´sinal´, nem de ´lembrança´. São Paulo atesta a presença do Senhor na Eucaristia quando afirma: ´O cálice de benção, que bebemos, não é a comunhão do Sangue de Cristo? E o pão que partimos, não é a comunhão do Corpo de Cristo?´ (1Cor 10,16). E o Apóstolo, que não estava na Última Ceia, recebeu esta certeza por revelação especial do Senhor a ele: ´O Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu´o e disse: Tomai e comei; isto é o meu corpo, que será entregue por vós; fazei isto em memória de mim. Igualmente também, depois de ter ceado, tomou o cálice e disse: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto em memória de mim todas as vezes que o beberdes´(1Cor 11,23´29). Sem dúvida a Eucaristia é o maior e o mais belo milagre que o Senhor realizou e quis que fosse repetido a cada Missa, para que Ele pudesse estar entre nós, a fim de nos curar e nos alimentar. ´A Eucaristia é \\\'fonte e centro de toda a vida cristã\\\' (LG,11). Os restantes sacramentos, porém, assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados com a Sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa´ (PO,5 e CIC n.1324).

O Catecismo da Igreja nos garante que ´Os milagres da multiplicação dos pães... prefiguram a superabundância deste pão único da Eucaristia´ (CIC, n.1335). Tudo o que foi dito até aqui está baseado principalmente nas próprias palavras de Jesus, naquele memorável discurso sobre a Eucaristia, na sinagoga de Cafarnaum, que São João relatou com detalhes no capítulo 6 do seu Evangelho: ´Eu sou o Pão vivo que desceu do céu... Quem comer deste Pão viverá eternamente; e o Pão que eu darei é a minha carne para a salvação do mundo... O que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia... Porque a minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida.´ Não há como interpretar de modo diferente estas palavras, senão admitindo a presença real e maravilhosa do Senhor na Hóstia sagrada. Lamentavelmente a Cruz e a Eucaristia foram e continuam a ser ´pedra de tropeço´ para os que não crêem, mas Jesus exigiu até o fim esta fé. Aos próprios Apóstolos ele disse: ´Também vós quereis ir embora?´ (Jo 6,67). Ao que Pedro responde na fé, não pela inteligência: ´Senhor, a quem iremos, só Tu tens palavras de vida eterna´(68). Nunca Jesus exigiu tanto a fé dos Apóstolos como neste momento. E, se exigiu tanto, sem dar maiores esclarecimentos como sempre fazia, é porque os discípulos tinham entendido muito bem do que se tratava, bem como o povo que o deixou dizendo:´Estas palavras são insuportáveis? Quem as pode escutar?´ (Jo 6,60). Também para cada um de nós a Eucaristia será sempre uma prova de fogo para a nossa fé; mas, crendo na palavra do Senhor e no ensinamento da Igreja, seremos felizes.

Quando Lutero pôs em dúvida a presença real e permanente do Senhor na Eucaristia, o Concílio de Trento (1545´1563) assim se expressou: ´Porque Cristo, nosso Redentor, disse que o que Ele oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente o seu Corpo, sempre na Igreja se teve esta convicção que o sagrado Concílio de novo declara: pela consagração do pão e do vinho opera´se a conversão de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue; e esta mudança, a Igreja católica chama´lhe com justeza e exatidão, transubstanciação´ (DS, 1642; CIC n.1376). Acima de tudo é preciso recordar que a Igreja recebeu do Senhor o carisma da infalibilidade em termos de fé e de moral, a fim de não permitir que os seus filhos sejam enganados no caminho da salvação (cf. Jo 14,15.25; 16,12´13). Portanto, o que a Igreja garante há vinte séculos, jamais podemos duvidar, sob pena de estarmos duvidando do próprio Jesus. Para auxiliar a nossa fraqueza, Deus permitiu que muitos milagres eucarísticos acontecessem entre nós: Lanciano (sec VIII), Ferrara (1171), Orvieto (1264), Offida (1273), Sena (1330 e 1730),Turim (1453), etc., que atestam ainda hoje o Corpo vivo do Senhor na Eucaristia, comprovado pela própria ciência. Há tempos, foi traçado na Europa um ´mapa eucarístico´, que registra o local e a data de mais de 130 milagres, metade deles ocorridos na Itália.

A Comunhão Eucarística na mão

A Comunhão foi ministrada nas mãos dos fiéis até o século IX. Por causa de abusos e profanações, a partir daí a Igreja preferiu ministrar a Comunhão na boca. Depois do Concílio Vaticano II a prática antiga da Comunhão nas mãos foi restaurada, sob certas condições. No dia 3 de abril de 1985 a Sagrada Congregação Para o Culto Divino, publicou a segunte Notificação:

Protocolo 720/85

A Santa Sé , a partir de 1969, mantendo sempre em toda a Igreja o uso de distribuir a Comunhão, concede às Conferências Episcopais que o peçam, e em condições determinadas, a faculdade de distribuir a Comunhão na mão dos fiéis. Esta faculdade é regida pelas Instruções Memoriale Domini e Immensae Caritatis (29 de maio de 1969, AAS 61, 1969, 541´546; 29/1/1973, AAS 65, 1973; 264´271) assim como pelo Ritual De Sacra Communione publicado aos 21/6/1973, n.21. Todavia parece útil chamar a atenção para os seguintes pontos: 1. A Comunhão na mão deve manifestar, tanto quanto a Comunhão recebida na boca, o respeito para com a real presença de Cristo na Eucaristia. Por isso será preciso insistir, como faziam os Padres da Igreja, sobre a nobreza dos gestos dos fiéis. Assim, os recém batizados do fim do século IV recebiam a norma de estender as duas mãos fazendo “com a esquerda um trono para a direita, pois esta devia receber o Rei” (5ª Catequese Mistagógica de Jerusalém, n.21; PG 33, Col. 1125; São João Crisóstomo, homilia 47, PG 63,Col. 898, etc.). 2. Seguindo ainda os Padres, será preciso insistir sobre o Amém que o fiel diz em resposta às palavras do ministro: “O Corpo de Cristo”. Este Amém deve ser a afirmação da fé: “Quando pedes a Comunhão, o sacerdote te diz “O Corpo de Cristo”, e tu dizes “Amém”, “é isto mesmo”; o que a língua confessa, conserve´o o afeto” (S. Ambrósio, De Sacramentis 4,25).

3. O fiel que recebe a Eucaristia na mão, levá´la´á à boca antes de voltar ao seu lugar; apenas se afastará, ficando voltado para o altar, a fim de permitir que se aproxime aquele que o segue.

4. É da Igreja que o fiel recebe a Eucaristia, que é a Comunhão com o Corpo de Cristo e com a Igreja. Eis porque o fiel não deve ele mesmo retirar a partícula de uma bandeja ou de uma cesta, como o faria se se tratasse de pão comum ou mesmo de pão bento, mas ele estende as mãos para receber a partícula do ministro da Comunhão.

5. Recomendar´se´á a todos, especialmente às crianças, a limpeza das mãos, em respeito à Eucaristia.

6. Será preciso previamente ministrar aos fiéis, uma catequese do rito, insistir sobre os sentimentos de adoração e a atitude de respeito que se exige (cf. Dominicae coenae n.11). Recomedar´se´lhes´á que cuidem de que não se percam fragmentos de pão consagrado (cf. Congregação para a Doutrina da Fé, 2/5/1972, Prot.n. 89/71, em Notitiae 1972, p. 227).

7. Os fiéis jamais serão obrigados a adotar a prática da comunhão na mão; ao contrário, ficarão plenamente livres para comungar de um ou de outro modo. Essas normas e as que foram recomendadas pelos documentos da Sé Apostólica atrás citados, têm por finalidade lembrar o dever do respeito para com a Eucaristia independentemente do modo como se recebe a Comunhão. Insistam os pastores de almas não só sobre as disposições necessárias para a recepção frutuosa da Comunhão, que, em certos casos, exige o recurso ao Sacramento da Penitência; recomendem também a atitude exterior de respeito que, em seu conjunto, deve exprimir a fé do cristão na Eucaristia. Da sede da Congregação para o Culto Divino, aos 3 de abril de 1985. († Agostinho Mayer ´ Pró Prefeito; † Virgílio Noé ´ Secretário). (Transcrito da Revista Pergunte e Responderemos, n º 283, 1985, p.512). Observação: Em nota publicada no número de março´abril de 1999, no boletim Notitiae, a Congregação Para o Culto Divino reafirmou o que prescreve o n.7 na Notificação acima, respondendo sobre a obrigatoriedade de receber a Comunhão nas mãos: “Dos documentos da Santa Sé depreende´se claramente que nas dioceses em que o pão eucarístico é depositado nas mãos dos fiéis, a estes fica absolutamente garantido o direito de o receber sobre a língua. Aqueles que obrigam os comungantes a receber a santa Comunhão unicamente nas mãos como também aqueles que recusam aos fiéis a Comunnhão nas mãos nas dioceses que utilizam tal indulto, procedem contrariamente às normas estabelecidas. Segundo as normas referentes à distribuição da Santa Comunhão, estejam os ministros ordinários e extraordinários particularmente atentos a que os fiéis consumam imediatamente a partícula consagrada, de modo que ninguém se afaste com as espécies eucarísticas nas mãos. Em todo caso é para desejar que todos tenham presente que a tradição secular consiste em receber a Comuhão sobre a língua. O sacerdote celebrante, caso exista perigo de sacrilégio, não dê a Comunhão nas mãos dos fiéis e exponha´lhes as razões porque assim procede.” (Notitiae nº 392.393/1999, transcrito de Pergunte e Responderemos, nº 457, junho de 2000)

domingo, 4 de abril de 2010

40 anos da Renovação Carismática Católica

A Renovação Carismática Católica completa 40 anos. Ela começou nos Estados Unidos e se espalhou rapidamente por todo o mundo católico como um novo Pentecostes trazendo uma bela renovação para a Igreja. Tudo começou quando em 18 de fevereiro de 1967, trinta estudantes e professores da universidade de Duquesne (Pensilvânia, Estados Unidos), fizeram um retiro espiritual para aprofundar na força do Espírito dentro da Igreja primitiva, lendo e meditando os Atos dos Apóstolos.

Já em 1973 o Papa Paulo VI recebia no Vaticano, com o falecido cardeal Leo Joseph Suenens, os lideres da RCC no mundo. Paulo VI os acolheu com alegria.

Podemos dizer que o Papa João XXIII foi precursor da RCC. Ao abrir o Concilio Vaticano II, em 1963 ele rezou:

“Repita-se no povo cristão o espetáculo dos Apóstolos reunidos em Jerusalém, depois da ascensão de Jesus ao céu, quando a Igreja nascente se encontrou reunida em comunhão de pensamento e de oração com Pedro e em torno de Pedro, pastor dos cordeiros e das ovelhas. Digne-se o Divino Espírito escutar da forma mais consoladora a oração que sobe a Ele de todas as partes da terra. Que Ele renove em nosso tempo os prodígios como de um novo Pentecostes, e conceda que a Santa Igreja, permanecendo unânime na oração, com Maria, a Mãe de Jesus, e sob a direção de Pedro, dilate o Reino do Divino Salvador, Reino de Verdade e Justiça, Reino de amor e de paz”.

No pontificado de João Paulo II a RCC foi reconhecida pelo “Conselho Pontifício para os Leigos”, e hoje envolve mais de 120 milhões de católicos em todo o mundo. Ela tem um organismo internacional; existe o escritório dos «Serviços Internacionais da Renovação Carismática Católica» (ICRSS, por suas siglas em inglês), com sede no Vaticano.

O Papa João Paulo II sempre acolheu amorosamente a RCC; e muitas vezes recebeu os seus líderes em audiência. É importante recordar as suas palavras por causa de suas preciosas orientações.

Em 1992 João Paulo II disse aos líderes da RCC:

“Na alegria e na paz do Espírito Santo, dou as boas vindas ao Conselho Internacional da Renovação Carismática Católica. No momento em que comemorais o 25° aniversário de fundação da Renovação Carismática Católica, uno-me de bom grado a vós, na ação de graças a Deus pelos inúmeros frutos que ela deu à vida da Igreja. A Renovação surgiu nos anos que se seguiram ao Concílio Vaticano II, e foi um dom particular do Espírito Santo à Igreja. Foi sinal do desejo que muitos católicos tinham de viver, de maneira mais plena, a sua própria dignidade e vocação batismal, como filhos e filhas adotivas do Pai, de conhecer a força redentora de Cristo, nosso Salvador, numa experiência mais intensa de oração pessoal e coletiva, e de seguir o ensinamento das Escrituras mediante a sua leitura, à luz do mesmo Espírito que inspirou o seu autor.

Certamente um dos resultados mais importantes desse despertar espiritual foi a aumentada sede de santidade, visível nas vidas das pessoas individualmente e na Igreja inteira... Neste momento da história da Igreja, a Renovação Carismática pode desempenhar um papel significativo na promoção da defesa, extremamente necessária, da vida cristã, nas sociedades em que o secularismo e o materialismo enfraqueceram a capacidade que as pessoas têm de responder ao Espírito e de discernir o chamamento amoroso de Deus. O vosso contributo para a re-evangelização da sociedade será efetuado, em primeiro lugar, mediante o testemunho pessoal do Espírito que habita em nós e mediante a demonstração da Sua presença, com obras de santidade e de solidariedade... Independentemente da forma que a Renovação Carismática assumir - nas orações de grupo, nas comunidades conventuais de vida e de serviço - o sinal da sua fecundidade espiritual será sempre o fortalecimento da comunhão com a Igreja universal e com as Igrejas locais...

Ao mesmo tempo o aprofundamento da vossa identidade católica, haurindo da riqueza espiritual da Tradição católica, é uma parte insubstituível do vosso contributo ao diálogo ecumênico autêntico que, alimentado pela graça do Espírito Santo, deve levar à perfeição da “comunhão na unidade, na confissão de uma só fé, na comum celebração do culto divino e na fraterna concórdia da família de Deus”(Unitatis redintegratio, 2).(L’Osservatore Romano, n. 15, 12/4/1992, 4 (184))

Aos participantes do IX Congresso Internacional da Renovação Carismática em outubro 1998, o Papa disse:

“Vocês pertencem a um movimento eclesial. A palavra eclesial implica numa tarefa precisa de formação cristã, envolvendo uma profunda convergência de fé e vida. A fé entusiástica que dá vida às suas comunidades deve ser acompanhada por uma formação cristã que seja abrangente e fiel ao ensinamento da Igreja.”(L’Osservatore Romano, nov 1998.)

Quando da Conferência Internacional da Renovação na Itália em outubro de 1998, ele lhes disse: "A Renovação Carismática Católica tem ajudado muitos cristãos a redescobrirem a presença e o poder do Espírito Santo em suas vidas, na vida da Igreja e do mundo; e esta redescoberta tem levantado neles uma fé em Cristo cheia de alegria, um grande amor pela Igreja e uma generosa dedicação a sua missão evangelizadora. No ano de 1998 em que dedicamos ao Espírito Santo, eu me uni a vocês no louvor à Deus pelos preciosos frutos que Ele quis trazer à maturidade em suas comunidades e através delas, às Igrejas particulares. Como líderes da Renovação Carismática Católica, uma de suas primeiras tarefas é a de preservar a identidade das comunidades carismáticas espalhadas pelo mundo inteiro, incentivando-as sempre a manter uma ligação estreita e hierárquica com os bispos e com o Papa.”

Os cardeais da Cúria Romana sempre participaram dos eventos da RCC. No XXVII Congresso Nacional italiano, em Rímini, em 30 de abril de 2004 (ZENIT.org) estiveram presentes o cardeal Giovanni Battista Re, então Prefeito da Congregação para os Bispos, o cardeal Francis Arinze, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos e o padre Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia. Isto mostra o real apoio da Santa Sé a RCC. Ninguém pode negar isto.

A Renovação Carismática não é um movimento uniforme; mas, como dizia o cardeal Suenens e diz o padre Raniero Cantalamessa, “é uma corrente de graça para toda a Igreja católica.” Ela não é um simples movimento a mais da Igreja; é a própria Igreja em movimento pelo poder do Espírito Santo. Todos os cristãos de todos os movimentos precisam ser renovados no Espírito Santo; e esta é a missão da RCC.

Vale a pena ler o testemunho pessoal do Pe. Raniero Cantalamessa, que desde 1978 é o Pregador da Casa Pontifícia, em entrevista concedida à agencia Zenit em Castel Gandolfo, em 25set 2003:

“O batismo no Espírito não é uma invenção humana, é uma invenção divina. É uma renovação do batismo e de toda a vida cristã, de todos os sacramentos. Para mim – ele disse - foi também uma renovação de minha profissão religiosa, de minha confirmação, de minha ordenação sacerdotal. Todo o organismo espiritual se reaviva como quando o vento sopra sobre uma chama. Por que o Senhor decidiu atuar neste tempo desta maneira tão forte? Não sabemos. É a graça de um novo Pentecostes... É uma vinda do Espírito Santo que se traduz em arrependimento dos pecados, que faz ver a vida de uma maneira nova, que revela Jesus como o Senhor vivo - não como um personagem do passado - e a Bíblia se converte em uma palavra viva. A verdade é que não se pode explicar. Para mim tudo o que passou desde 1977 é um fruto de meu batismo no Espírito.

Era professor na Universidade. Dedicava-me à pesquisa científica na história das origens cristãs. E quando aceitei não sem resistência esta experiência, depois tive o chamado de deixar tudo e colocar-me à disposição da pregação, e também a nomeação como pregador da Casa Pontifícia chegou depois de que tinha experimentado esta «ressurreição». Vejo isso como uma grande graça. Depois de minha vocação religiosa, a Renovação Carismática foi a graça mais assinalada de minha vida... Quero dizer aos fiéis, aos bispos, aos sacerdotes, que não tenham medo. Desconheço por que há medo. Talvez em alguma medida porque esta experiência começou entre outras confissões cristãs, como pentecostais e protestantes. Contudo, o Papa não tem medo. Falou dos movimentos eclesiais, inclusive da Renovação Carismática, como de sinais de uma nova primavera da Igreja, e muito com freqüência faz referência na importância disso. E Paulo VI afirmou que era uma oportunidade para a Igreja. Não há que ter medo.”

Todas essas palavras do Papa João Paulo II e do Pregador do Papa, mostram a grande importância da RCC para a Igreja.

O Papa Bento XVI também ama a RCC; ainda como cardeal e Prefeito da Congregação da Fé, em entrevista ao jornalista italiano Vitório Messori disse: “Certamente [a Renovação no Espírito] trata-se de uma esperança, de um positivo sinal dos tempos, de um dom de Deus para a nossa época. È a redescoberta da alegria e da riqueza da oração contra a teoria e práxis sempre mais enrijecidas e ressecadas no tradicionalismo secularizado. Eu mesmo constatei pessoalmente a sua eficácia: em Munique, algumas boas vocações ao sacerdócio vieram-me do movimento. Como em todas as realidades entregues ao homem, dizia eu, também esta é exposta a equívocos, a mal-entendidos e a exageros. O perigo, porém, seria ver apenas os riscos, e não o dom que nos é oferecido pelo Espírito. A necessária cautela não muda, portanto, o juízo positivo do conjunto.” (V. Messori, J. Ratzinger, A Fé em Crise? O Cardeal Ratzinger se interroga. E.P.U, São Paulo, 1985, pg. 117-118)

O atual Presidente do Pontifício Conselho dos Leigos, o Arcebispo e cardeal Stanilaw Rylko, que foi secretário de João Paulo II aprecia profundamente a RCC como já disse várias vezes.

Há 34 anos eu estou na RCC; participei de dezenas de Experiências no Espírito Santo; viajei e viajo pelo Brasil todo e por alguns paises pregando retiros às pessoas e grupos ligados à RCC; e sou testemunha ocular do bem que faz a Igreja. Os ginásios de esporte, os auditórios e os campos de futebol se enchem de milhares de pessoas que rezam com fervor, cantam alegremente e louvam a Deus do fundo da alma. Surgem por todo o mundo Comunidades de leigos, consagrados ao serviço de Deus e da Igreja; elas são a nova força da Igreja; satisfazem o que pediu o Papa João Paulo II, “uma nova evangelização”, com novo ardor, novos métodos e nova expressão; é tudo o que acontece hoje na RCC. Seus frutos são enormes: conversões em massa, famílias restauradas em Deus, jovens que abandonam o crime, a droga, a bebida e todas as formas de vícios, e tantos que se consagram a Deus.

Pode haver sim erros e até alguns abusos na RCC por parte de pessoas despreparadas e que não têm uma boa formação religiosa; mas cabe aos sacerdotes corrigir os erros e formar o povo, sem destruir o que é bom.

Prof. Felipe Aquino