quarta-feira, 31 de março de 2010

Sede Santos, porque eu sou Santo

O nosso Catecismo diz que:

´O aspecto mais sublime da dignidade humana está na vocação do homem à comunhão com Deus´(nº 27).

É o sentido da vida humana: a comunhão com Deus.

Se esta comunhão não for atingida, a vida humana estará frustrada na sua própria ´razão de ser´.

Essa comunhão com Deus, em última instância, é um chamado à santidade, sem a qual o homem não pode viver a vida divina. A carta aos hebreus diz:

´Procurai ... a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor´(Hb 12,14).

Quando Deus chamou Abrão para formar o Seu povo, a partir dele, a primeira exigência que fez foi:´Anda na minha presença e sê íntegro´(Gen 17,1). Esse ´sê íntegro´ mostra que para viver na presença de Deus e serví´Lo, é preciso ser santo. Deus é Aquele que é três vezes Santo. Santíssimo!

No Sermão da Montanha, ao proclamar o ´código da vida cristã´, Jesus exigiu de todos: ´sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito´ (Mt 5,48). Para Jesus o padrão da perfeição é o próprio Deus, e devemos nos assemelhar a Ele.

Desde o Antigo Testamento é forte o chamado à santidade. Deus diz ao povo, através de Moisés:

´Sede santos porque Eu sou santo´ (Lev 11,44),

S. Pedro repete essas palavras aos fiéis:

´A exemplo da santidade daquele que vos chamou sede também vós santos em todas as vossas ações´ (1 Pe 1,15).

Essas palavras indicam que somos ´chamados à santidade´ para atingirmos o destino que nos está proposto pelo Criador: a vida de plena comunhão com Deus.

No início de três epístolas: aos efésios, aos romanos e aos coríntios, São Paulo reafirma esta nossa vocação. Aos romanos, logo na saudação ele diz: ´ a todos os que estão em Roma, chamados a serem santos´ (Rom 1,7). Aos coríntios ele repete: ´ aos fiéis santificados em Cristo Jesus, chamados à santidade´ (1 Cor 1,2); e, aos efésios: ´Bendito seja Deus ... que nos escolheu em Cristo antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos´ (Ef 1,4).

É uma repetição sistemática sobre o chamado de Deus a que sejamos santos. Isto leva São Paulo a dizer:

´Vivei uma vida digna da vocação para a qual fostes chamados´(Ef 4,1). ´Quanto à fornicação, à impureza, sob qualquer forma, ou à avareza, que delas nem sequer se fale entre vós, como convém a santos´ (Ef 5,3).

Para o Apóstolo, santos são todos os homens consagrados a Deus pelo batismo. Ninguém está dispensado de buscar a santidade para a qual foi chamado por Deus.

São Domingos Sávio, o jovem discípulo de D. Bosco, que morreu santo aos 15 anos de idade, foi capaz disso porque fez da santidade ´a razão de ser da sua vida´. Era seu lema: ´antes morrer do que pecar´; e dizia ainda, com toda convicção: ´Se eu não conseguir a santidade, nada terei feito neste mundo´.

Que exemplo de uma criatura tão jovem!

´Está é a vontade de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza; que cada um de vós saiba possuir o seu corpo em santificação e honestidade, sem se deixar levar pelas paixões desregradas como os pagãos...´ (1 Tes 4,3).

Na conquista da santidade o Apóstolo diz que precisamos ´resistir até ao sangue na luta contra o pecado´ (Hb 12,4), e nos adverte de que Deus nos corrige a cada momento com esta finalidade. Citando os Provérbios diz:

´Filho meu, não desprezes a correção do Senhor; nem desanimes, quando por Ele és repreendido; pois o Senhor corrige os que ama e açoita todo aquele que reconhece por seu Filho´(Prov. 3,11´12).

Todas as provações e sofrimentos da vida, que Deus permite que nos atinjam, são para a nossa santificação; é o ensinamento dos santos e da Igreja.

Sem a cruz não há santificação, eles afirmam, porque somente ela consegue arrancar as ervas daninhas e curar as más inclinações de nossa alma.

O Apóstolo faz questão de afirmar que Deus Pai permite tudo isto ´para nosso bem, para nos comunicar sua santidade´ (Hb 12,10).

E por isso, não podemos desanimar neste combate, já que, como diz a Palavra: ´estais sendo provados para a vossa correção: é Deus que vos trata como filhos´ (Hb 12,7).

O Senhor Jesus nos propõe a cruz ´de cada dia´ como o melhor caminho de santificação:

´Se alguém quer vir após mim, renegue´se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga´me ...´(Lc 9,23).

Sem aceitarmos com paciência e fé a ´cruz de cada dia´; isto é, tudo o que não gostamos, jamais poderemos galgar os degraus da santificação e fazer a vontade de Deus.

É um paradoxo para os que não têm fé, como disse o Apóstolo: ´a linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que se salvam, isto é, para nós, é uma força divina´ (1 Cor 1,18).

Certa vez o Papa João Paulo II disse, citando Bernanos:

´A Igreja não precisa de reformadores, mas de santos´.

Os santos foram e são os únicos autênticos reformadores da Igreja. Os que mais fizeram pelo reino de Deus . Os homens e as mulheres que ´abalaram o mundo´, como disse Renè Fullop Muller: Santo Antão, Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, Santa Teresa de Ávila, São Francisco de Assis, Santo Inácio de Loyola, São João da Cruz, São Vicente de Paulo, etc.

Portanto, a primeira e maior preocupação de cada um que quer sevir a Deus e à Igreja, deve ser a de ´buscar a própria santidade´. O resto virá por acréscimo. O Papa João Paulo II disse, quando da beatificação de Madre Paulina:

´A santidade é a prova mais clara, mais convincente da vitalidade da Igreja, em todos os tempos e em todos os lugares´( L´Osservatore Romano, n°44,3/1/91).

Em outra ocasião, aos catequistas, ele reafirmou:

´Numa palavra, sede santos. A santidade é a forma mais poderosa para levar Cristo aos corações dos homens´ (idem, n°24, 14/06/92, pg 22).

´Aqueles que seguem fielmente a chamada à santidade, escrevem a história da Igreja na sua dimensão mais essencial; isto é aquela da sua intimidade com Deus´ (LR, n°8, 24/08/96).

´É possível restaurar as instituições com a santidade, e não, restaurar a santidade com as instituições´(S.Vicente).

Pecado, A doença da Alma

São Tomás de Aquino, na Exposição do Credo, diz que há duas mortes: a primeira é a do corpo, física, quando a alma se separa dele; a segunda, é a da alma, espiritual, quando esta se separa de Deus. A pior é a segunda, e tem como causa o pecado.

O Catecismo da Igreja nos mostra toda a gravidade do pecado:

´Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave do que o pecado, e nada tem conseqüências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro´ (§ 1488).

São palavras fortíssimas que mostram que não há nada pior do que o pecado.

Por outro lado, o Catecismo afirma que ele é uma realidade:

´O pecado está presente na história dos homens: seria inútil tentar ignorá´lo ou dar a esta realidade obscura outros nomes.´ (CIC, §386)

Deus disse a Santa Catarina de Sena, nos Diálogos:

´O pecado priva o homem de Mim, sumo Bem, ao tirar´lhe a graça´.

São Paulo, numa frase lapidar explica toda a hediondez do pecado e razão de todos os sofrimentos deste mundo:

´O salário do pecado é a morte´ (Rom 6,23).

Tudo o que há de mal na história do homem e do mundo é conseqüência do pecado, que começou com Adão.

´Por meio de um só homem o pecado entrou no mundo e, pelo pecado, a morte, e assim a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram´ (Rom 5,12).

O Catecismo diz com toda a clareza:

´A morte é conseqüência do pecado. Intérprete autêntico das Sagradas Escrituras e da Tradição, o Magistério da Igreja ensina que a morte entrou no mundo por causa do pecado do homem´. (CIC,§1008)

O Catecismo ensina que:

´A morte corporal, à qual o homem teria sido subtraído se não tivesse pecado (GS,18), é assim o último inimigo do homem a ser vencido´ (1Cor 15, 26).

Santo Agostinho dizia que:

´É desígnio de Deus que toda alma desregrada seja para si mesma o seu castigo.´

´O homem se faz réu do pecado no mesmo momento em que se decide a cometê´lo.´

Sintetizava tudo dizendo que ´pecar é destruir o próprio ser e caminhar para o nada.´

E dizia de si mesmo nas Confissões:

´Eu pecava, porque em vez de procurar em Deus os prazeres, as grandezas e as verdades, procurava´os nas suas criaturas: em mim e nos outros. Por isso precipitava´me na dor, na confusão e no erro.´

Toda a razão de ser da Encarnação do Verbo foi para destruir, na sua carne, a escravidão do pecado.

´Como imperou o pecado na morte, assim também imperou a graça por meio da justiça, para a vida eterna, através de Jesus Cristo, nosso Senhor´.(Rom 5,21)

O demônio escraviza a humanidade com a corrente do pecado. Jesus veio exatamente para quebrar essa corrente. São João deixa bem claro na sua carta:

´Sabeis que Ele se manifestou para tirar os pecados´ (1Jo 3,5). ´Para isto é que o Filho de Deus se manifestou, para destruir as obras do diabo´ (1 Jo 3,8).

Essa ´obra do diabo´ é exatamente o pecado, que nos separa da intimidade e da comunhão com Deus, e nos rouba a vida bem aventurada.

Com a sua morte e ressurreição triunfante, Jesus nos libertou das cadeias do pecado e, pela sua graça podemos agora viver uma nova vida. É o que São Paulo ensina na carta aos colossences:

´Se, pois, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus´ (Col 3,1).

Aos romanos ele garante:

´Já não pesa mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. A Lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te libertou da lei do pecado e da morte´ (Rom 8,1).

Aos gálatas o Apóstolo diz:

´É para a liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei firmes, portanto, e não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão´ (Gal 5,1).

Santa Catarina de Sena ensina que é tão grande a liberdade que Cristo conquistou para o homem, que nada e ninguém pode tirar´lhe:

´Tão grande é a liberdade humana, de tal modo ficou fortalecida pelo precioso sangue de Cristo, que demônio ou criatura alguma pode obrigar alguém à menor culpa, contra o seu parecer. Acabou´se a escravidão, o homem ficou livre´.

A vitória contra o pecado custou a vida do Cordeiro de Deus.

São João Batista, o Precursor, aquele que foi encarregado por Deus para apresentar ao mundo o Seu Filho, podia fazê´lo de muitas formas: ´Ele é o Filho de Deus´, ou, ´Ele é o esperado das nações´, como diziam; ou ainda: ´Ele é o Santo de Israel´, ou quem sabe: ´Eis aqui o mais belo dos filhos dos homens´, etc.; mas ao invés de usar essas expressões que designavam o Messias que haveria de vir, João preferiu dizer:

´Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo´ (Jo 1,29).

Aqueles que querem dar outro sentido à vida de Jesus, que não o Daquele que ´tira o pecado do mundo´, esvaziam a sua Pessoa , a sua missão e a missão da Igreja. A partir daí a fé é esvaziada, e toda a ´sã doutrina´ (1Tm4,6) é pervertida. Eis o perigo da ´teologia da libertação´, que exigiu a intervenção direta da Santa Sé e do próprio Papa João Paulo II, pois, na sua essência, esta ´teologia´ substitui o Cristo Redentor do pecado, por um Cristo apenas libertador dos males sociais e terrenos, reinterpreta o Evangelho e o Cristianismo dentro de uma exegese e de uma hermenêutica que não é aceita pelo Magistério da Igreja.

Os judeus não reconheceram Jesus como o Cristo de Deus, exatamente porque esperavam um Messias libertador político. Quando Jesus se apresentou como ´Aquele que tira o pecado do mundo´, com o sacrifício de si mesmo, se escandalizaram e o pregaram na cruz como um farsante.

Assim como a missão de Cristo foi libertar o homem do pecado, a missão da Igreja, que é o seu Corpo místico, a sua continuação na história, é também a de libertar a humanidade do pecado e levá´la à santificação. Fora disso a Igreja se esvazia e não cumpre a missão dada pelo Senhor.

Jesus, quer dizer, em hebraico, ´Deus salva´. Salva dos pecados e da morte. Na Anunciação o Anjo disse a Maria: ´... lhe porás o nome de Jesus´. (Lc 1, 31)

A José, o mesmo Anjo disse:

´Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados´. (Mt 1, 21)

A salvação se dá pelo perdão dos pecados; e já que ´só Deus pode perdoar os pecados´ (Mc 2, 7), Ele enviou o Seu Filho para salvar o seu povo dos seus pecados.

´Foi Ele que nos amou e enviou´nos seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados´ (1Jo 4,10).

´Este apareceu para tirar os pecados ´ (1Jo 3,5).

O Catecismo da Igreja lembra que ´foram os pecadores como tais os autores e como que os instrumentos de todos os sofrimentos por que passou o divino Redentor´. (CIC, § 598)

Jesus é o Servo de Javé sofredor, que se deixa levar silencioso ao matadouro como se fosse uma ovelha muda (Is 53,7; Jr 11,19), e carrega os pecados das multidões (Is 53, 12), e toda sua vida se resumiu em ´servir e dar a sua vida em resgate de muitos´ (Mc 10,45).

´Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por muitos para a remissão dos pecados.´ (Mt 26,28)

A primeira coisa que Jesus fez no dia da sua ressurreição, foi enviar os Apóstolos para perdoar os pecados.

´Como o Pai me enviou, eu vos envio a vós... Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser´lhes´ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes ser´lhes´ão retidos´ (Jo 20, 22´23).

Isto mostra que a grande missão de Jesus era, de fato, ´tirar o pecado do mundo´, e Ele não teve dúvida de chegar até a morte trágica para isto. Agora, vivo e ressuscitado, vencedor do pecado e da mote, através do ministério da Igreja, dá o perdão a todos os homens.

Como é grande e precioso o Sacramento da Confissão, chamado de Reconciliação! Pela absolvição do sacerdote, ministro do Senhor, recebemos o Seu próprio perdão, conquistado na obediência da cruz.

Santo Agostinho tinha uma boa comparação para explicar a necessidade da confissão frequente:

´A neve recém caída derrete com facilidade. Mas se o sol não a atinge endurece. E, acumulando´se ano após ano, resistindo às investidas do clima, torna´se uma grande geleira, uma montanha de gelo.

Algo parecido ocorre com os pequenos pecados. Fáceis de eliminar no princípio, acumulados vão endurecendo pouco a pouco e, conservados por muito tempo longe da ação corretiva da graça, tornam´se quase incorrigíveis.´

Santa Catarina de Sena, ensina´nos que:

´Ao revoltar´se contra Deus o homem criou a rebelião dentro de si. Em conseqüência da perda do estado de inocência, a carne se rebelou contra o espírito´.

Embora o Batismo elimine o pecado original, as suas seqüelas continuam em nós: os sofrimentos, a doença, a morte, a propensão ao pecado (concupiscência ´ ´fomes peccati´). O Concílio de Trento, o mais longo da história da Igreja (1545´1563), ensina´nos que:

´Deixada para os nossos combates, a concupiscência não é capaz de prejudicar aqueles que, não consentindo nela, resistem com coragem pela graça de Cristo.´ Mais ainda: ´aquele que tiver combatido segundo as regras será coroado (2Tm 2,5)´ (CIC § 405,1264).

Santo Agostinho entendia que a permanência, da concupiscência em nós, mesmo após o Batismo, é uma oportunidade que temos de provar a Deus o nosso amor, lutando contra o pecado, por amor ao Senhor. Ele dizia que aquele que deixa o pecado por medo do castigo, e não por amor a Deus, acaba voltando a ele. É sobretudo, no rompimento radical com o pecado que damos a Deus a prova real do nosso amor filial.

Jesus disse aos apóstolos na última Ceia:

´Se me amais, guardareis os meus mandamentos´ (Jo 14,15).

Guardar os mandamentos é a prova do amor para com Jesus. Quem obedece aos seus mandamentos, foge do pecado.

O grande São Basílio Magno (329´379), bispo e doutor da Igreja, ensina em seus escritos que há três formas de amar a Deus: a primeira é como o mercenário, que espera a retribuição; a segunda, é como escravo que obedece por medo do chicote, o castigo de Deus; e o terceiro é o amor filial, daquele que obedece porque de fato ama o Pai. É assim que devemos amar a Deus; e, a melhor forma de amá´lo é repudiando todo pecado.

Jesus retomou os Dez Mandamentos que há mil anos antes Deus já tinha dado a Moisés, e levou´os à plenitude no Sermão da Montanha. Quando aquele jovem perguntou´lhe: ´Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna?´ (Mt 19,16), Jesus respondeu dizendo:

´Se queres entrar na vida guarda os mandamentos´; e fez questão de citá´los: ´não matarás, não adulterás, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra pai e mãe, amarás teu próximo como a ti mesmo´ (Dt 5,16,20; Lv 19,18).

Os Dez Mandamentos são a salvaguarda contra o pecado. Por isso o primeiro compromisso de quem almeja a santidade deve ser o compromisso de viver, na íntegra, os Mandamentos.

Santo Agostinho dizia que essas são as duas asas que Deus nos deu para voar alto e chegar aos céus: o amor a Deus e o amor ao próximo.

Os Mandamentos nos ajudam a compreender e a viver este amor a Deus e aos irmãos, que nos levam à santidade e ao rompimento com a desordem, como Santo Agostinho chamava o pecado.

Se ainda pecamos, se ainda não somos santos, é porque ainda o amor a Deus e ao próximo não atingiu a sua plenitude em nós; pois, a santidade é uma história de amor.

Para compreendermos toda a hediondez do pecado, toda a sua feiura e maldade, temos que contemplar cuidadosamente Jesus crucificado. Este foi o preço que Ele pagou para tirar o pecado do mundo. Somente contemplando demoradamente as chagas do nosso divino Redentor, a sua coroa de espinhos, os seus açoites, os seus cravos, as suas feridas... é que poderemos ter em conta toda a tristeza que o pecado representa.

Diante da gravidade do pecado, o autor da Carta aos Hebreus chega a dizer aos cristãos:

´Ainda não resististes até ao sangue na luta contra o pecado´ ( Hb 12,4).

Nesta luta, justifica´se chegar até ao sangue, se for preciso, como Jesus o fez.

A Igreja, iluminada pela luz do Espírito Santo, seu Guia infalível, com sua experiência bi´milenar, nos ensina que os piores pecados são aqueles que ela chama de ´capitais´. Capital vem do latim ´caput´, que quer dizer cabeça. São pecados ´cabeças´, isto é, que geram muitos outros.

Assim como, por exemplo, a capital de um estado ou de um país, é de onde procedem as ordens, as decisões e comandos, assim também, desses pecados ´cabeças´, nascem muitos outros. Por isso, eles sempre mereceram, por parte da Igreja, uma atenção especial. São sete: soberba, ganância, impureza, gula, ira, inveja e preguiça.

Houve um santo que disse que, se a cada ano vencêssemos um desses sete, ao fim de sete anos, estaríamos santos. Portanto, vale a pena refletir sobre eles, a fim de rejeitá´los, com o auxílio da graça de Deus e de nossa vontade.

Santa Catarina de Sena aconselhava a ´entrar na cela do auto´conhecimento´ para conhecermos a nossa miséria e a grandeza de Deus. Assim nos tornaremos humildes.

Nesta reflexão queremos analisar´nos, sob a experiência da Igreja e da Palavra de Deus, a fim de lutarmos, com o auxílio da graça, contra essas ervas daninhas que querem tomar a nossa alma.

Um sábio provérbio chinês garante que ´não é a erva daninha que mata a planta, mas a preguiça do agricultor´.

Sem preguiça espiritual, qual bom jardineiro de Deus, comecemos a limpar o jardim da nossa alma.

Mas esta limpeza não deve provocar em nós remorso, e sim arrependimento. O remorso gera na pessoa a angústia e o desespero; não é o que Deus quer. Ele deseja o arrependimento e o propósito de mudança.

Judas e Pedro pecaram gravemente; o primeiro abrigou na alma o remorso e se matou; o segundo, pela graça de Deus (´Simão, eu orei por ti´´ Lc22,31), arrependeu´se amargamente e chorou copiosamente. Foi perdoado por Jesus, e continuou sendo o escolhido para ser o primeiro chefe da Igreja do Senhor.

O QUE É O PECADO?

Antes de nos determos na análise dos pecados capitais, conheçamos um pouco daquilo que a Igreja nos ensina sobre a natureza do pecado.

O grande Agostinho de Hipona dizia que ´o mal consiste em abusar do bem´, e ainda:

´O pecado é o motivo da tua tristeza. Deixa a santidade ser o motivo da tua alegria.´

O Catecismo começa dizendo que:

´O pecado é uma falta contra a razão, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro, para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens´. (CIC, §1849)

Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, viam´no como uma ´desordem´, e diziam que é ´uma palavra, um ato ou um desejo contra a lei eterna´. (Faust. 22; S.Th.1´2, 71,6)

Ainda para Santo Agostinho ele é fruto do ´amor de si mesmo até o desprezo de Deus´. (Civita Dei 14,21)

Jesus ensina que a raiz do pecado está no coração do homem:

´Com efeito, é do coração que procedem más inclinações, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações. São estas coisas que tornam o homem impuro´. (Mt 15, 19´20)

Segundo a sua gravidade, a Igreja classifica os pecados em veniais e mortais, seguindo a sua própria Tradição.

O pecado mortal leva o pecador a perder o ´estado de graça´, isto é, a ´graça santificante´. O Catecismo afirma que:

´Se este estado não for recuperado mediante o arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já que nossa liberdade tem o poder de fazer opções para sempre, sem regresso.´ (§1861)

O Catecismo ainda ensina que ´o pecado mortal destrói a caridade no coração do homem por uma infração grave da lei de Deus, desvia o homem de Deus, que é seu fim último e bem aventurança, preferindo um bem inferior.´

São Tomás de Aquino assim explica:

´Quando a vontade se volta para uma coisa de per si contrária à caridade pela qual estamos ordenados ao fim último, há no pecado, pelo seu próprio objeto, matéria para ser mortal... quer seja contra o amor a Deus, como a blasfêmia, o perjúrio, etc., ou contra o amor ao próximo, como o homicídio, o adultério, etc. Por outro lado, quando a vontade do pecador se dirige às vezes a um objeto que contém em si uma desordem, mas não é contrário ao amor a Deus, e ao próximo, como por exemplo palavra ociosa... tais pecados são veniais´. (S. Th. 1,2, 88,2; CIC §1856)

É bom notar que para haver o pecado mortal é preciso que a pessoa queira deliberadamente, isto é, sabendo e querendo, uma coisa gravemente contrária à lei de Deus e ao fim último do homem.

Portanto, para que haja pecado mortal deve haver pleno conhecimento e consentimento; e quem peca deve saber e deve ter consciência do caráter pecaminoso do ato a praticar, e de sua ofensa à Lei de Deus.

A ignorância involuntária, isto é, aquela que a pessoa não tem culpa, pode diminuir ou até eliminar a culpa diante de uma falta mesmo grave, mas é bom lembrar que Deus imprimiu nas consciências dos homens, a Lei natural, isto é, os princípios da moral. (cf. CIC §1860). A Igreja reconhece que os movimentos da sensibilidade da pessoa, bem como o mecanismo das paixões, as pressões exteriores, as perturbações patológicas, etc., em certos casos, podem , diminuir o caráter voluntário e livre do pecado cometido, e conseqüentemente a sua culpa. (cf. CIC §1860)

O Catecismo lembra que:

´O pecado por malícia, por opção deliberada do mal, é o mais grave´. (§ 1860)

Acontece a malícia quando há uma intenção maldosa, uma ´exploração do mal´, por sagacidade, sátira, comércio, etc. É diferente o pecado daquele que sucumbiu por fraqueza, daquele que explorou o pecado. Por exemplo, é muito mais grave explorar a prostituição do que cair nela, eventualmente, por fraqueza, embora ambas as quedas sejam graves.

´É pecado mortal todo pecado que tem como objeto uma matéria grave, e que é cometido com plena consciência e deliberadamente´. (§1857; RP, 17)

´A matéria grave é precisada pelos dez mandamentos segundo a resposta de Jesus ao jovem rico: ‘Não mates, não cometas adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não defraudes ninguém, honra teu pai e tua mãe’. (Mc 10,19)´ (CIC§ 1858)

Portanto, a gravidade dos pecados pode ser maior ou menor conforme o dano provocado pelo mesmo. Também a qualidade da pessoa ofendida entra em consideração. Ofender ao pai é mais grave que ofender um estranho.

Santo Afonso de Ligório, doutor da Moral, diz que o ´pecado mortal é um monstro tão horrível, que não pode entrar numa alma que por longo tempo o destestou, sem se fazer claramente conhecido.´

Dizia ainda o santo doutor que o pecado mortal é aquele que se comete de ´olhos abertos´; isto é, sem dúvidas do mal que se está praticando.

O pecado venial acontece quando não se observa a lei moral em matéria leve, ou então quando se desobedece à lei moral em matéria grave, sem perfeito conhecimento ou consentimento (cf. CIC §1862). Não nos torna contrários à vontade de Deus e à sua amizade; não quebra a comunhão com Ele, e portanto, não priva da graça de Deus e do céu.

Contudo, não se deve descuidar dos pecados veniais, pois, eles enfraquecem a caridade, impede a alma de crescer na virtude, e, quando é aceito deliberadamente e fica sem arrependimento, leva a pessoa, pouco a pouco, ao pecado mortal.

Santo Agostinho lembra que ´o acúmulo dos pequenos vícios traz consigo a desesperança da conversão´.

´O homem não pode enquanto está na carne, evitar todos os pecados, pelo menos os pecados leves. Mas esses pecados que chamamos leves, não os consideres insignificantes: se os consideras insignificantes ao pesá´los, treme ao contá´los. Um grande número de objetos leves faz uma grande massa; um grande número de gotas enche um rio; um grande número de grãos faz um montão. Qual é então a nossa esperança? Antes de tudo a confissão...´ (Ep. Jo 1,6; CIC §1863)

Muitos perguntam o que é o pecado contra o Espírito Santo. A Igreja ensina que é o daquele que rejeita livremente acolher, pelo arrependimento, a misericórdia de Deus, ´rejeita o perdão de seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo´. É o endurecimento do coração, a tal ponto, que leva a pessoa a rejeitar até a penitência final. Se morrer neste triste estado, experimentará a perdição eterna. (cf. CIC §1864)

O pecado gera na pessoa uma tendência ao próprio pecado. Podemos dizer que quanto mais se peca, mais se está predisposto ao pecado. A repetição torna´se vício. E assim, nasce na pessoa a inclinação à perversão, obscurece´se a consciência, e vai se perdendo o discernimento entre o bem e o mal. Não foi sem razão que o Papa Paulo VI disse certa vez que, o pior pecado deste mundo é achar que o pecado não existe. A prática do pecado, continuamente, faz com que a pessoa perca a noção da sua gravidade. No entanto, por pior que seja, o pecado não consegue, de todo, ´destruir o senso moral até a raiz´. (CIC §1864)

Diante de nossos pecados, não adianta se desesperar ou desanimar; a única atitude correta é enfrentá´los com boa disposição interior e com a graça de Deus. São Francisco de Sales, bispo e doutor da Igreja, dizia que não adianta ficar ´pisando a própria alma´, depois de ter caído no pecado.

Até mesmo os nossos pecados, aceitos com humildade, podem nos ajudar a crescer espiritualmente. Santo Afonso de Ligório dizia:

´Mesmo os pecados cometidos podem concorrer para a nossa santificação na medida que a sua lembrança nos faz mais humildes, mais agradecidos às graças que Deus nos deu, depois de tantas ofensas´.

DO Livro: PECADOS E VIRTUDES CAPITAIS ´ DO Prof. Felipe de Aquino

Paixão de Cristo em favor dos pobres, segundo Ratzinger

“Onde está Deus? Por que pudeste criar tal mundo? Por que podes ficar vendo como, muitas vezes, precisamente as tuas criaturas mais inocentes sofrem de modo mais terrível, são levadas como ovelhas para o matadouro, não podendo abrir a boca?” (1)

Perguntas como essas se tornam comuns e são difundidas nos meios de comunicação ateus, ao passo que nós, cristãos, muitas vezes encontramos dificuldades para responder questionamentos neste sentido.

O século XX foi o século da tecnologia, onde nasceram as grandes indústrias, as novas conquistas da ciência, da computação, da internet, dentre tantas outros avanços que hoje já fazem parte de nossas vidas cotidianas, mas, por outro lado, também ficou conhecido como o século das guerras e das mortes: foram duas grandes guerras mundiais, o nazismo, o comunismo, a Guerra Fria, a guerra no Vietnã, e tantas outras que, juntas, deixaram centenas de milhões de mortos.

O momento mais terrível da paixão de Nosso Senhor, sem sombra de dúvidas, foi no instante em que ele gritou em voz alta: “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste?”(Mt 26,46; Mc 15,34). Esse grito, não pode ser entendido apenas de forma histórica, hoje “o eco deste grito ressoa mil vezes, multiplicado nos nossos ouvidos: do inferno dos campos de concentração, das frentes de batalha de luta de guerrilha, dos quarteirões de miséria dos famintos e desesperados.”(2).

Em cada pessoa sofrida, faminta, vítima da pobreza ou de crimes que se multiplicam a todo dia, é Cristo que continua a gritar:“ Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?”, e com isso, neste século XX toda a humanidade foi como que transportada àquele momento da paixão repetindo o mesmo grito de forma constante. (3)

Meu Deus, meu Deus, porque abandonastes o teu povo?

O povo sofrido que vive no deserto da fome continuam a fazer essa pergunta sem cessar, assim surge uma proposta marxista pretendendo dar solução terrena a essas necessidades temporais dos pobres, e, mais em evidência nos dias atuais, uma teologia mundana (Teologia da Libertação) que pretende colocar o alimento corporal acima do alimento espiritual. “O pão é importante, a liberdade é importante, mas o mais importante de tudo é a adoração.” (4) Onde esta ordem dos bens não for respeitada, mas invertida, não haverá nenhuma justiça. (5). E não é somente a mentalidade marxista que comprova essa Verdade. Foi esse tipo de “ajuda” para o desenvolvimento ocidental com base em princípios puramente técnicos e materiais que criou o Terceiro Mundo, substituindo as estruturas religiosas, morais e sociais, instaurando no vazio uma mentalidade tecnológica (6).

Ao tentar Jesus, o diabo prometeu transformar as pedras em pão, mas foi o resultado foi exatamente o contrário: pães transformados em pedras.(7)

Ainda sobre a atual dualidade que remonta os tempos da Guerra Fria convém lembrar que a propagação do cristianismo não leva automaticamente à melhora do mundo e que a salvação que vem de Deus não é nenhuma grandeza quantitativa. “Não é, por si só, a instituição de um novo sistema político e social que excluiria a desgraça” (8), portanto uma teologia que defenda esse princípio não pode ser verdadeira, nem tampouco deve ser chamada de cristã.

Então, como podemos, afinal explicar o sofrimento do mundo que clama cada dia mais por misericórdia e justiça? De fato, todos nós temos uma parcela de culpa no sofrimento dessas pessoas, pois, todas as vezes que ficamos sentados em nossas poltronas, assistindo como meros espectadores os terrores que acontecem a nível global é a Jesus que deixamos de ajudar (Cf. Mt 25,45).

Também devemos ter claro que essa pergunta não pode ser respondida somente com palavras e argumentos porque atinge uma profundidade que o intelecto não é capaz de alcançar: “Essa realidade só pode ser suportada, sofrida, com Jesus, perto de Jesus que a sofreu por todos nós e conosco.” (9)

Um dos erro dos marxistas é exatamente a tentativa perversa de destruir a promessa da consolação das Bem-Aventuranças (Cf. Mt 5,4) e exigir uma mudança humana, sem a necessidade de um auxílio divino. (10).

A salvação não se dá neste mundo, pois o próprio Jesus afirma perante Pilatos que o teu Reino não é deste mundo (Cf. Jo 18,36), “a salvação do mundo não vem de uma mudança ou de uma política absolutamente estabelecida que se tornou divina. Deve-se trabalhar na transformação do mundo continuamente: com sobriedade, realismo, paciência, humanidade. Mas há uma exigência e uma pergunta do homem que ultrapassa tudo o que podem realizar a política e a economia, capaz de ser respondida só por Cristo crucificado, pelo homem no qual o nosso sofrimento toca o coração de Deus, o amor eterno.” (11)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Por que o sofrimento?

Por que Deus permite o sofrimento?

O homem de hoje é muito sensível ao sofrimento e ao mal. Diante de notícias negativas que continuamente se apresentam, surge espontaneamente a questão: Por que Deus permite o sofrimento? É uma pergunta comum, mas que muitas vezes fica sem resposta.

Santo Agostinho, nas suas famosas Confissões, se interrogava: se tudo o que existe foi criado por Deus, que é Bondade Infinita, como pode existir o mal? Alguém também poderia perguntar-se: O mal é uma prova de que Deus não existe? Ou que não existe um Deus Bondoso e Todo-poderoso?

Quantas vezes dizemos: – Que injusto! Isto não deveria acontecer! – Deus não o deveria permitir! Enfim, somos ótimos fenomenólogos da palavra “dever”, temos a percepção humana do estado ideal das coisas. O sentimento para o “deve” é universal, assim como a existência de um Deus Todo-poderoso. E é justamente Deus quem quer e pode realizar aquele “deve” que todos sentem na consciência.

Meu professor de filosofia dizia que somente em um mundo com Deus o mal não deveria existir; enfim, somente em um mundo que poderia ser diferente, o sofrimento pode ser sofrimento e não apenas um fato. O contrário seria como perguntar pela cor de um gato voador. Sem Deus, o sofrimento nem seria algo negativo, mas um sem-sentido.

A reflexão filosófica nos ajuda. Mas o que é realmente o sofrimento? Seu significado tem muito a ver com o modo de enfrentá-lo. Não é exclusivamente negativo, mas depende em grande medida do que fazemos com ele. Você se perguntou alguma vez o que Deus quer para você? Atenção, Deus é onipotente! Mas é hora de responder o que Deus quer para mim.

Se Deus é onisciente, Ele sabe melhor o que nos convém em cada momento. É uma questão que requer sinceridade: não queremos sempre o que mais necessitamos. Facilmente nos irritamos quando o nosso avião tem um atraso, mas talvez sem sabermos que foi por causa de uma bomba encontrada em uma bagagem anônima! É fácil deixar algo para receber algo melhor: um carro Fiat por um Ferrari. Deus também age assim conosco, mas Ele sabe o que mais nos convém: ser feliz usando a nossa liberdade.

Deus existe, é onipotente, ama todos, nos oferece a felicidade e, apesar de tudo, deixa-nos livres para dizermos não e estragarmos o Seu plano. Se tudo isso é verdade, quem é que realmente sofre quando o sofrimento bate às nossas portas?

Bento XVI, na sua encíclica Spe salvi, afirma que “o que cura o homem não é esquivar o sofrimento e fugir diante da dor, mas a capacidade de aceitar a tribulação, amadurecer nela e encontrar nela um sentido mediante a união com Cristo, que sofreu com amor infinito”. É norma geral que, quem mais ama, mais sofre.

Seminarista Jauri Strieder

Dia Internacional da Mulher

Há mulheres em minha vida, logo, sou feliz!

Muitas pessoas passam por nossa vida e não poderíamos deixar de mencionar a participação daquelas que deixaram marcas sensíveis em nossas lembranças. Trazemos vivos na memória os cuidados da nossa mãe, que se desdobrava 24 horas do dia se fosse necessário, as recordações de nossas férias na casa da vovó, da professora que nos ensinou a ler, entre muitas outras.

Numa simbiose perfeita, não há como identificar se foram elas que entraram em nossas vidas ou fomos nós que fizemos parte da vida delas. O zelo dispensado para cada um de nós, quando éramos crianças, fazia-nos sentir tal como “reizinhos”, mesmo se naquele “castelo” as refeições fossem racionadas em vista da pobreza. Na escola, além da professora, ganhávamos também uma “tia”, que não se importava se houvesse 30 outros "sobrinhos" chamando seu nome ao mesmo tempo. Por menor que tenha sido o período em que elas estiveram conosco, grande foi a atenção e a contribuição dispensada para cada um de nós.

No mundo, algumas mulheres se despontaram através do trabalho, impulsionadas por seus sonhos e, não menos importantes que essas, reconhecemos o papel de outras que foram moldura da realização dos nossos próprios projetos. Lamentavelmente, em alguma parte do planeta ou escondidas entre quatro paredes, existem mulheres que são tratadas sob o domínio da tirania, da incompreensão, da maldade e do preconceito de alguns homens. Todavia, mesmo sendo subjugadas por seus opressores, estes não conseguem tirar a força da esperança que as incita a continuar acreditando em dias melhores.

Com a versatilidade que causaria inveja ao melhor contorcionista, as mulheres trazem como virtude a habilidade de se fazer amiga, mãe, esposa, namorada, formadora… e por dádiva divina, a elas foi outorgado o título de “ajuda perfeita”.

Não é à toa, que sem muito esforço, a gente consegue perceber o quanto tem sido importante para cada um de nós a participação delas em nossa vida.

Tudo bem se, às vezes, demoram um pouco mais para escolher a roupa para sair, para se decidir na compra de um simples sapato ou para levar na bolsa apenas aquilo que realmente é necessário…mas, ainda assim, não podemos negar o quanto somos felizes ao lado delas!

Parabéns, mulheres, pelo seu dia!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Na base do beijo!




Ficar ou não ficar. It’s the question. O assunto é sério e merece um pouco mais de conversa. Aqui queria falar de uma realidade que rola no ficar: O beijo!

Tem gente que consegue “ficar” em uma noite com até 30 pessoas. Assim são contabilizados, em uma só noite, 30 beijos. Ufa, muito não?

Do ponto de vista biológico, em cada beijo na boca que você dá, troca-se na saliva, cerca de 250 bactérias, 9 miligramas de água, 18 substâncias orgânicas, 7 decigramas de albumina (proteína solúvel em água), 711 miligramas de materiais gordurosos e 45 miligramas de sais minerais.

O beijo, algo tão antigo entre os povos, marca tantas coisas, como por exemplo: traição (beijo de Judas), amor (Romeu e Julieta), amizade (ósculo santo).

Hoje o beijo, literalmente, está na boca da galera!

Afinal de contas, o que rola na base do beijo?

Trocas! Muitas trocas! E o sentimento, e a pessoa, e o valor, onde ficam no “ficar”?

Além de lábios que se tocam, será que sentimentos se encontram? Sentimentos se misturam ou só se isolam?

O ato em si é capaz de movimentar 29 músculos, 12 dos lábios e 17 da língua. Durante um beijo, a pulsação cardíaca pode subir para algo em torno de 150 batimentos por minuto. Haja movimento, parece até uma seção de spinning.

Muitos músculos são movimentados, mas e o mover dos sentimentos? E o sacrário vivo que você é…qual o movimento que acontece?

Do ponto de vista psicológico, quantas carências tentam ser supridas, mas não o são, pois afinal de contas foi só mais um a se beijar.

Beijar é sinal de comprometimento. Sinal de pertença! Mas se vulgarizou tanto que, quem se compromete com você depois de, em uma noite ,ter passado por mais de 20 bocas?

Batendo um papo com a gastroenterologista, Dr. Márcia Mayumi, ela alertou sobre as doenças que giram em torno do beijo. “As doenças são a cárie (por ser causada por uma bactéria, pode ser transmitida pelo beijo e vir a provocar a doença em quem a contraiu); gripe (causada por um vírus); hepatite B; mononucleose, e bactérias que causam faringite, laringite, amigdalite. O beijo transmite estas doenças, desde que, uma das pessoas possua o agente causador e a outra tenha uma propensão para adquirir a doença.”

Tem gente beijando sem pensar no que realmente está por detrás deste ato. Em beijos não se cura carências! No beijo acontecem encontros!

Beijo roubado, coração ferido. É hora de se cuidar, saber que seu valor é bem maior que um simples beijo passageiro.

Beijar é bom. Bom demais. Dá adrenalina, mas com a pessoa certa, no momento certo e do jeito certo! O beijo não pode ser colocado como um brinquedo, que passa de boca em boca. Não deixe rastros de você nas pessoas. Deixe uma marca! A marca de quem se valoriza! Marca de céu! Um beijo que voce dá em seu namorado e que traz gosto de eternidade!

Não saia dando o beijo de Judas por ai, um beijo que traia você mesmo! O verdadeiro amor espera. O beijo também é espera! O detalhe é dar aquele beijo que sela amor e gera compromisso. Não é beijar todo mundo, mas é beijar aquela (e) que te espera como Dom.



Adriano Gonçalves

Quaresma, a luta contra o pecado 'Se não fizerdes penitência, todos perecereis'



Desde o início do Cristianismo a Quaresma marcou para os cristãos um tempo de graça, oração, penitência e jejum, com o objetivo de se chegar à conversão. Ela nos faz lembrar as palavras de Jesus: “Se não fizerdes penitência, todos perecereis” (Lc 13,3). Se não deixarmos o pecado, não poderemos ter a vida eterna em Deus; logo, a atividade mais importante é a nossa conversão, renunciar ao pecado.

Nada é pior do que o pecado para a vida do homem, da Igreja e do mundo, ensina a Igreja; por isso Cristo veio, exatamente, “para tirar pecado do mundo” (cf. Jo 1, 29). Ele é o Cordeiro de Deus imolado para isso.

São Paulo insiste: “Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus!” (2 Cor 5, 20); “exortamo-vos a que não recebais a graça de Deus em vão. Pois ele diz: Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da salvação (cf Is 49,8). Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação” (2 Cor 6, 1-2).

A Quaresma nos oferece, então, esse “tempo favorável” para deixarmos o pecado e voltarmos para Deus. E para isso fazemos penitência. O seu objetivo não é nos fazer sofrer ou nos privar de algo que nos agrada, mas ser um meio de purificação de nossa alma. Sabemos o que devemos fazer e como viver para agradar a Deus, mas somos fracos; a penitência é feita para nos dar forças espirituais na luta contra o pecado.

A melhor Penitência, sem dúvida, é a do Sacramento que tem esse nome. Jesus instituiu a Confissão em Sua primeira aparição aos discípulos, no mesmo domingo da Ressurreição (cf. Jo 20,22) dizendo-lhes: “A quem vocês perdoarem os pecados, os pecados estarão perdoados”. Não há graça maior do que ser perdoado por Deus, estar livre das misérias da alma e estar em paz com a consciência.

Além do Sacramento da Confissão a Igreja nos oferece outras penitências que nos ajudam a buscar a santidade: sobretudo as recomendadas por Jesus no Sermão da Montanha (cf. Mt 6,1-8): “O jejum, a esmola e a oração”, chamados pela Igreja de “remédios contra o pecado”.

Cristo jejuou e rezou durante quarenta dias (um longo tempo) antes de enfrentar as tentações do demônio no deserto e nos ensinou a vencê-lo pela oração e pelo jejum. Da mesma forma, a Igreja quer ensinar-nos como vencer as tentações de hoje. Vencemos o pecado praticando a virtude oposta a ele. Assim, para vencer o orgulho, devemos viver a humildade; para vencer a ganância devemos dar esmolas; para vencer a impureza, praticar a castidade; para vencer a gula, jejuar; para vencer a ira, aprender a perdoar; para vencer a inveja, ser bom; para vencer a preguiça, levantar-se e ajudar os outros. Essas são boas penitências para a Quaresma.

Todos os exercícios de piedade e de mortificação têm como objetivo livrar-nos do pecado. O jejum fortalece o espírito e a vontade para que as paixões desordenadas (gula, ira, inveja, soberba, ganância, luxúria, preguiça) não dominem a nossa vida e a nossa conduta.

A oração fortalece a alma no combate contra o pecado. Jesus ensinou: “É necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo” (Lc 18,1b); “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mt 26,41a); “Pedi e se vos dará” (Mt 7,7). E São Paulo recomendou: “Orai sem cessar” (I Ts 5,17).

A Palavra de Deus nos ensina: “É boa a oração acompanhada do jejum e dar esmola vale mais do que juntar tesouros de ouro, porque a esmola livra da morte, e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna” (Tb 12, 8-9).

“A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos pecados” (Eclo 3,33). “Encerra a esmola no seio do pobre, e ela rogará por ti para te livrar de todo o mal” (Eclo 29,15).

Então, cada um deve fazer na Quaresma um “programa” espiritual: fazer o jejum que consegue (cada um é diferente do outro); pode ser parcial ou total. Pode, por exemplo, deixar de ver a TV, deixar de ir a uma festa, a uma diversão, não comer uma comida de que gosta ou uma bebida; não dizer uma palavra no momento de raiva ou contrariedade, não falar de si mesmo, dar a vez aos outros na igreja, na fila, no ônibus; ser manso e atencioso com os outros, perdoar a todos, dormir um pouco menos, rezar mais, ir à Santa Missa durante a semana... Enfim, há mil maneiras de fazer boas penitências que nos ajudam a fortalecer o espírito para que ele não fique sufocado e esmagado pelo corpo e pela matéria.

A penitência não é um fim em si mesma; é um meio de purificação e santificação; por isso deve ser feita com alegria.

A beleza da moral católica O comportamento do cristão é uma resposta ao amor de Deus


A moral católica tem como objetivo levar o cristão à realização da sua vocação suprema que é a santidade. Ela tem como objetivo dirigir o comportamento do homem para o seu Fim Supremo que é Deus, que se revelou ao homem de modo especial em Jesus Cristo e sua Igreja.

A Moral vai além do Direito que se baseia em leis humanas; mas nem sempre perscruta a consciência. Pode acontecer de alguém estar agindo de acordo com o Direito, mas não de acordo com a consciência. Nem tudo que é legal é moral.

A Moral cristã leva em conta que o pecado enfraqueceu a natureza humana e que ela precisa da graça de Deus para se libertar de suas tendências desregradas e viver de acordo com a vontade de Deus.

Portanto, a Moral cristã e a Religião estão intimamente ligadas, tendo como referência Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Ser cristão é viver em comunhão com Cristo, vivendo Nele, por Ele e para Ele. É de dentro do coração do cristão que nasce a vontade de viver a “Lei de Cristo”, a Moral cristã, e isto é obra do Espírito Santo. Não é um peso, é uma libertação.

O comportamento do cristão é uma resposta ao amor de Deus. Dizia S. João da Cruz que “amor só se paga com amor”.

“Deus é amor” (1Jo 4, 16) e Ele “nos amou primeiro” (1Jo 4, 19).

Ninguém deve viver a Lei de Cristo, por medo, mas por amor ao Senhor que desceu do céu, e imolou-se por cada um de nós. Nosso amor a Deus não deve ser o amor do escravo que lhe obedece por medo do castigo, e nem do mercenário que o obedece por amor ao dinheiro, mas sim o amor do filho que obedece ao pai simplesmente porque é amado por ele.

São Paulo dizia: “O amor de Cristo me constrange” (2Cor 5,14).

Ninguém será verdadeiramente espiritual enquanto não viver a lei de Deus simplesmente por amor a Deus e não por medo de castigos.

Por outro lado, devemos viver a lei de Deus porque ela é, de fato, o caminho para a nossa verdadeira felicidade. Ele nos ama e é Deus; não erra e não pode nos enganar; logo, sua Lei, é o melhor para nós.

Quem não obedece ao catálogo do projetista de uma máquina, acaba estragando-a; assim, quem não obedece a Lei de Deus, acaba destruindo a sua maior obra que é a pessoa humana.

A Lei de Cristo se resume em “amar a Deus e amar ao próximo como a si mesmo” (cf. Mt 22, 37-40). Mas esse amor ao próximo não é apenas por uma questão de simpatia ou afinidade com ele, mas pelo exemplo de Cristo, que “nos amou quando ainda éramos pecadores”, como disse S. Paulo. Por isso, o cristão odeia o pecado mas sempre ama o pecador. A Igreja ensina que não se deve impor a verdade sem caridade, mas também não se deve sacrificar a verdade em nome da caridade.

Deus sempre exigiu do povo escolhido, consagrado a Iahweh (Dt 7,6; 14,2.21), a observância das Suas Leis, para que este povo fosse sempre feliz e abençoado.

“Observareis os mandamentos de Iahweh vosso Deus tais como vo-los prescrevo” (Dt 4,2).

“Iahweh é o único Deus... Observa os seus estatutos e seus mandamentos que eu hoje te ordeno, para que tudo corra bem a ti e aos teus filhos depois de ti, para que prolongues teus dias sobre a terra que Iahweh teu Deus te dará, para todo o sempre” (Dt 14,40).

Deus tem um grande ciúme do seu povo, e não aceita que este deixe de cumprir suas Leis para adorar os deuses pagãos.

“Eu, Iahweh teu Deus, sou um Deus ciumento...” (Dt 5,9).

O Apóstolo São Tiago, lembra-nos esse ciúme de Deus por cada um de nós, ao dizer que:

“Sois amados até ao ciúme pelo Espírito que habita em vós” (Tg 4,5).

Deus não aceita ser o segundo na nossa vida, Ele exige ser o primeiro, porque para Ele cada um de nós é o primeiro.

Esse amor a Deus se manifesta exatamente na obediência aos mandamentos: “Andareis em todo o caminho que Iahweh vosso Deus vos ordenou, para que vivais, sendo felizes e prolongando os vossos dias na terra que ides conquistar” (Dt 5,33).

E as bençãos que Deus promete são abundantes:

“Se de fato obedecerdes aos mandamentos que hoje vos ordeno, amando a Iahweh vosso Deus e servindo-o com todo o vosso coração e com toda a vossa alma, darei chuva para a vossa terra no tempo certo: chuvas de outono e de primavera. Poderás assim recolher teu trigo, teu vinho novo e teu óleo; darei erva no campo para o teu rebanho, de modo que poderás comer e ficar saciado” (Dt 11.13-15; Lv 26; Dt 28).

Jesus disse aos Apóstolos: “Se me amais guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,23).

“Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai ...“ (Mt 7,21) .

O nosso Papa Bento XVI tem falado do perigo da “ditadura do relativismo”. Na homilia que proferiu na missa que precedeu o início do Conclave que o elegeu, ele deixou claro as suas maiores preocupações:

“...que nos tornemos adultos em nossa fé. Não devemos permanecer crianças na fé, em estado de menoridade. Em que consiste sermos crianças na fé? Responde São Paulo: “Significa sermos arrastados para lá e para cá por qualquer vento doutrinário. Uma descrição muito atual!””

“Quantos ventos doutrinários experimentamos nesses últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantos modos de pensamentos... O pequeno barco do pensamento de muitos cristãos se viu freqüentemente agitado por essas ondas arremessado de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, e até mesmo a libertinagem; do coletivismo ao individualismo radical; do agnosticismo ao sincretismo, e muito mais. A cada dia nascem novas seitas, e as palavras de São Paulo sobre a possibilidade de que a astúcia nos homens, seja causa de erros são confirmadas.”

“Ter uma fé clara, de acordo com o Credo da Igreja, muitas vezes foi rotulado como fundamentalista. Enquanto que o relativismo, ou seja, o deixar-se levar «guiados por qualquer vento de doutrina», parece ser a única atitude que está na moda. Vai-se construindo uma ditadura do relativismo que não reconhece nada como definitivo e que só deixa como última medida o próprio eu e suas vontades. Nós temos outra medida: o Filho de Deus, o verdadeiro homem. Ele é a medida do verdadeiro humanismo. «Adulta» não é uma fé que segue as ondas da moda e da última novidade; adulta e madura é uma fé profundamente arraigada na amizade com Cristo.”

O relativismo religioso é aquele em que cada um faz a “sua” própria doutrina moral, e não mais segue os Mandamentos dados por Deus. E quem não age segundo esta perversa ótica, é então menosprezado e chamado de retrógrado, obscurantista, etc.

Mas a Igreja nunca trairá o seu Senhor. Demos graças a Deus por este novo Pedro que Ele pos à frente do Seu Rebanho! Caminhemos com alegria e coragem, pois: “Ubi Petrus, ibi Ecclesia, ubi Ecclesia ibi Christus” – Onde está Pedro está a Igreja, onde está a Igreja está Jesus Cristo. (São Basílio Magno)

Viver a Moral católica é ser fiel a Jesus Cristo e a tudo o que Ele ensina através da sua Igreja.


Felipe Aquino

O que fazer quando temos aridez espiritual? A única saída é fechar os olhos e dar as mãos a Jesus para ser guiado por Ele

Muitas vezes, podemos passar por algum período de aridez espiritual, isto é, não temos vontade de rezar, torna-se difícil assistir a Santa Missa, a reza do Terço fica pesada, etc. Até mesmo a sagrada Comunhão se torna um sacrifício diante das dúvidas que podem atingir a nossa alma. Parece que o céu sumiu.

Como vencer esse estado de espírito no qual parece que Deus está longe e que nos falta a fé?

Primeiro é preciso verificar se esta situação não é tibieza, isto é, causada por nossa culpa em não perseverar no cuidado da vida espiritual, e, sobretudo, verificar se não há pecados graves em nossa alma, que possam estar afugentando dela a graça de Deus.

Se não houver pecados na alma, então, é preciso antes de tudo, calma, paciência e perseverança nos exercícios espirituais: oração, vida sacramental, caridade, penitência, etc. Mesmo sem vontade ou sem gosto, continuar, sem jamais parar, os exercícios espirituais.

Deus, às vezes, permite essas provações para que aprendamos a “buscar mais o Deus das consolações do que as consolações de Deus”, como disse um santo. São João da Cruz, místico que tanto experimentou o que chamou de “noite escura da fé”, afirmou que “o progresso da pessoa é maior quando ela caminha às escuras e sem saber.”

Muitas vezes, nos deleitamos nas orações gostosas, cheias de fervor sensível, como crianças quando comem doces. Mas quando vem a luta, deixamos a oração.

Vejamos o que diz o Apóstolo:

“Filho meu, não desprezes a correção do Senhor. Não desanimes, quando repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho (Pr 3,11s). Estais sendo provados para a vossa correção: é Deus que vos trata como filhos. Ora, qual é o filho a quem seu pai não corrige?... Mas se permanecêsseis sem a correção que é comum a todos, seríeis bastardos e não filhos legítimos... Aliás, temos na terra nossos pais que nos corrigem e, no entanto, os olhamos com respeito. Com quanto mais razão nos havemos de submeter ao Pai de nossas almas, o qual nos dará a vida? Os primeiros nos educaram para pouco tempo, segundo a sua própria conveniência, ao passo que este o faz para nosso bem, para nos comunicar sua santidade” (Hb 12,5-10).

Deus nos quer santos, e é também algumas vezes pela provação e pela aridez espiritual que Ele arranca as ervas daninhas do jardim de nossas almas. Coragem, alma querida de Deus! Jesus disse que Ele é a videira verdadeira, e Seu Pai o bom agricultor, que podará todo ramo bom que der fruto, para que produza mais fruto (cf. Jo 15,1-2).

Não podemos querer apenas o açúcar do pão e renegar o pão do sacrifício. Às vezes a meditação é difícil, a oração é penosa, distraída, surgem as noites e as trevas... Nessas horas é preciso silêncio, abandono, paciência. O Esposo há de voltar logo... Em breve vai raiar a aurora e os fantasmas vão sumir.

Quanto mais a noite fica escura, mais perto nos aproximamos da aurora. Deus sabe o que estamos passando, louvado seja o Seu santo Nome! É hora de abandono em Suas mãos paternas.

Em meio às trevas alguns sentem o coração como se fosse de gelo, não sentem mais amor a Jesus, perdem a piedade, se sentem condenados. Que desoladora confusão espiritual!

Nestas horas a única saída é fechar os olhos e dar as mãos a Jesus para ser guiado por Ele na fé; confiança e abandono, irmão! Só o Senhor sabe o caminho para sairmos deste matagal fechado e escuro.

Deus nos prepara para a contemplação pelas provas passivas, ensinam os santos. Ele as produz e a alma apenas tem que aceitar. É o duro caminho dos que querem a perfeição. Ele está purificando a alma; o Cirurgião Celeste está nos operando a alma.

São João da Cruz fala da famosa “noite dos sentidos” cheia de aridez e de provação, um verdadeiro martírio para a alma. Segundo o santo doutor, é Jesus que chama a alma a caminhar com Ele no deserto, mesmo queimando os pés e sendo queimado pelo sol, para se santificar.

Calma, alma querida de Deus, Ele faz isso porque o ama muito! O fogo bom não é aquele "fogo de palha", alto e bonito, mas rápido, que logo se apaga; mas é o fogo baixo que pega na lenha grossa e permanece por muito tempo. O fogo de palha é só para começar...

É isso que está acontecendo; não se assuste; não se preocupe porque o gosto de rezar sumiu e se tornou um agora um sacrifício penoso... Fé não é sentimento e muito menos sentimentalismo; fé é adesão, com a mente, a Deus, às Suas verdades e às Suas determinações. Não se preocupe de estar ou não “sentindo" fé ou devoção; apenas viva-a; vá à Missa, ao grupo de oração, ao Terço, com ou sem vontade, com ou sem gosto, com ou sem sentimento. Assim, temos mais méritos ainda diante de Deus.

Nesta situação talvez você precise de um diretor espiritual, especialmente na Confissão, para uma boa orientação.

O que fazer quando temos aridez espiritual? A única saída é fechar os olhos e dar as mãos a Jesus para ser guiado por Ele

Muitas vezes, podemos passar por algum período de aridez espiritual, isto é, não temos vontade de rezar, torna-se difícil assistir a Santa Missa, a reza do Terço fica pesada, etc. Até mesmo a sagrada Comunhão se torna um sacrifício diante das dúvidas que podem atingir a nossa alma. Parece que o céu sumiu.

Como vencer esse estado de espírito no qual parece que Deus está longe e que nos falta a fé?

Primeiro é preciso verificar se esta situação não é tibieza, isto é, causada por nossa culpa em não perseverar no cuidado da vida espiritual, e, sobretudo, verificar se não há pecados graves em nossa alma, que possam estar afugentando dela a graça de Deus.

Se não houver pecados na alma, então, é preciso antes de tudo, calma, paciência e perseverança nos exercícios espirituais: oração, vida sacramental, caridade, penitência, etc. Mesmo sem vontade ou sem gosto, continuar, sem jamais parar, os exercícios espirituais.

Deus, às vezes, permite essas provações para que aprendamos a “buscar mais o Deus das consolações do que as consolações de Deus”, como disse um santo. São João da Cruz, místico que tanto experimentou o que chamou de “noite escura da fé”, afirmou que “o progresso da pessoa é maior quando ela caminha às escuras e sem saber.”

Muitas vezes, nos deleitamos nas orações gostosas, cheias de fervor sensível, como crianças quando comem doces. Mas quando vem a luta, deixamos a oração.

Vejamos o que diz o Apóstolo:

“Filho meu, não desprezes a correção do Senhor. Não desanimes, quando repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho (Pr 3,11s). Estais sendo provados para a vossa correção: é Deus que vos trata como filhos. Ora, qual é o filho a quem seu pai não corrige?... Mas se permanecêsseis sem a correção que é comum a todos, seríeis bastardos e não filhos legítimos... Aliás, temos na terra nossos pais que nos corrigem e, no entanto, os olhamos com respeito. Com quanto mais razão nos havemos de submeter ao Pai de nossas almas, o qual nos dará a vida? Os primeiros nos educaram para pouco tempo, segundo a sua própria conveniência, ao passo que este o faz para nosso bem, para nos comunicar sua santidade” (Hb 12,5-10).

Deus nos quer santos, e é também algumas vezes pela provação e pela aridez espiritual que Ele arranca as ervas daninhas do jardim de nossas almas. Coragem, alma querida de Deus! Jesus disse que Ele é a videira verdadeira, e Seu Pai o bom agricultor, que podará todo ramo bom que der fruto, para que produza mais fruto (cf. Jo 15,1-2).

Não podemos querer apenas o açúcar do pão e renegar o pão do sacrifício. Às vezes a meditação é difícil, a oração é penosa, distraída, surgem as noites e as trevas... Nessas horas é preciso silêncio, abandono, paciência. O Esposo há de voltar logo... Em breve vai raiar a aurora e os fantasmas vão sumir.

Quanto mais a noite fica escura, mais perto nos aproximamos da aurora. Deus sabe o que estamos passando, louvado seja o Seu santo Nome! É hora de abandono em Suas mãos paternas.

Em meio às trevas alguns sentem o coração como se fosse de gelo, não sentem mais amor a Jesus, perdem a piedade, se sentem condenados. Que desoladora confusão espiritual!

Nestas horas a única saída é fechar os olhos e dar as mãos a Jesus para ser guiado por Ele na fé; confiança e abandono, irmão! Só o Senhor sabe o caminho para sairmos deste matagal fechado e escuro.

Deus nos prepara para a contemplação pelas provas passivas, ensinam os santos. Ele as produz e a alma apenas tem que aceitar. É o duro caminho dos que querem a perfeição. Ele está purificando a alma; o Cirurgião Celeste está nos operando a alma.

São João da Cruz fala da famosa “noite dos sentidos” cheia de aridez e de provação, um verdadeiro martírio para a alma. Segundo o santo doutor, é Jesus que chama a alma a caminhar com Ele no deserto, mesmo queimando os pés e sendo queimado pelo sol, para se santificar.

Calma, alma querida de Deus, Ele faz isso porque o ama muito! O fogo bom não é aquele "fogo de palha", alto e bonito, mas rápido, que logo se apaga; mas é o fogo baixo que pega na lenha grossa e permanece por muito tempo. O fogo de palha é só para começar...

É isso que está acontecendo; não se assuste; não se preocupe porque o gosto de rezar sumiu e se tornou um agora um sacrifício penoso... Fé não é sentimento e muito menos sentimentalismo; fé é adesão, com a mente, a Deus, às Suas verdades e às Suas determinações. Não se preocupe de estar ou não “sentindo" fé ou devoção; apenas viva-a; vá à Missa, ao grupo de oração, ao Terço, com ou sem vontade, com ou sem gosto, com ou sem sentimento. Assim, temos mais méritos ainda diante de Deus.

Nesta situação talvez você precise de um diretor espiritual, especialmente na Confissão, para uma boa orientação.