domingo, 25 de julho de 2010

Na oração Deus se revela

O Espírito Santo não entra no coração de uma pessoa perversa


Ninguém se coloca sob o sol sem se queimar; se tomar sol você vai sofrer as consequências dele. Com Deus acontece algo semelhante, ninguém se coloca na presença d'Ele sem ser beneficiado pela Sua presença, as marcas da presença do Todo-poderoso também são irreversíveis. Irreversíveis para a nossa salvação. Quando nós nos deixamos conduzir pelo Espírito Santo Ele nos dá liberdade. Nunca Nosso Senhor pensou em trazer você para perto d'Ele para limitar a sua liberdade. Se Deus Pai não quisesse que fôssemos livres, por que ele teria nos criado livres?

A nossa liberdade ficou comprometida por nossa própria culpa, porque quem peca se torna escravo do pecado. Pelo nosso pecado e pelos vícios que entraram em nossa vida, nós ficamos debilitados. Foi para sermos livres que o Pai do céu enviou Jesus. Deus Pai nos deu Cristo para nos libertar daquilo que nos amarrava.

É para que eu seja uma pessoa livre que Jesus Cristo me libertou, não para eu viver como um escravo, mas para que eu tenha liberdade! Cristo amou você, morreu em uma cruz por sua causa para que você não seja escravo do pecado. O Ressuscitado nos libertou de todo o mal, de toda a armadilha do inimigo, para que permaneçamos livres. Contudo, ninguém é livre na maldade.

Ninguém pode saber o que está em seu interior se você não abrir a boca e dizer. Quando você se põe a rezar, você esparrama o seu coração. Deus sabe separar as nossas loucuras e as nossas verdades. O Senhor sabe quando não estamos bem e o momento da oração é a hora de colocarmos todas as nossas perturbações na presença d'Ele. Quando você reza Deus Pai o refaz e o Espírito Santo o cura e o liberta. Rezar é você desnudar sua alma na presença de Deus ao se abrir a Ele. Quando voce reza, você está se pondo na presença do Altíssimo e assim será curado.

Quando você tira a roupa diante do espelho você vê o que quer e o que não quer. Na hora em que estamos rezando caem as nossas "roupas", espiritualmente falando e, do mesmo modo, vemos aquilo que queremos e o que não queremos. Tudo que eu faço de mau volta para mim no momento da oração. As feridas que nós ignoramos, na oração, não conseguimos ignorá-las, porque nesse momento Deus nos revela uma por uma para nos curar. No momento em que o Senhor nos mostra quem nós somos, Ele também mostra quem Ele é.

No momento em que você conhece ao Criador você conhece a si mesmo. Por isso que rezar não é coisa para qualquer um. Na oração, Deus se revela a mim, mas Ele também me revela a mim mesmo. Se Ele me revela uma coisa que não está boa, é porque é preciso consertá-la. Ninguém conhece ao Todo-poderoso sem antes entrar no próprio coração.

Na oração nós aprendemos a ouvir ao Senhor. Não existe ninguém que tendo rezado Deus não o tenha respondido. E se Ele não o faz diretamente, Ele vai fazê-lo por meio de uma pessoa ou de um fato. Mas que Ele responde Ele responde. Nós precisamos aprender a ouvi-Lo na oração, para conhecermos os planos que Ele tem para nossa vida. Ele projetou um caminho de felicidade para nós.

O Espírito Santo não entra no coração de uma pessoa perversa. O Paráclito não habita em um corpo que está sendo usado para o pecado. Nós podemos ter muito conhecimento, conhecimento você adquire com estudo, mas sabedoria quem dá é Deus. Uma pessoa perversa pode ter qualquer coisa, menos sabedoria.

O que é errado é errado hoje, foi errado ontem e será errado sempre! Não é porque a modernidade está aí que o que era errado deixou de sê-lo. Talvez o que você precise hoje seja abrir mão desta pendência que está dentro de você. Quem quiser receber de Deus uma resposta, quem quiser conhecer a Deus e a si mesmo precisará lutar pela sua pureza. O maligno tem pavor de gente que vive a purez! Muitas graças lhe são dadas porque o Espírito Santo se achega ao homem que vive a pureza.

O Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo tem poder de nos purificar. Pela força da santa cruz todo o mal é vencido! Queira viver a pureza.


Márcio Mendes

Não temos motivo para temer o inimigo

Satanás continua a tentar enfraquecer os filhos de Deus



Eu acho que todos devem saber o que os romanos faziam quando derrotavam um império ou um general. O vencedor entrava de forma triunfante em Roma. E em meio àquela entrada triunfal, o general era aplaudido, louvado. E o general derrotado era amarrado à carruagem do vencedor. E isso era o máximo de humilhação para quem que havia sido derrotado.

Se olharmos Colossenses 2,15, Paulo usa esse mesmo fato para falar da derrota do inimigo de Deus. Já foi dito várias vezes que o demônio já foi derrotado. Não precisamos temer nada. É verdade que o maligno é como um leão que ruge à nossa volta, tentando achar uma brecha e nos devorar. Mas por que ele continua a entrar nesse campo de batalha uma vez que já foi derrotado? A intenção dele é diminuir a força do reinado de Jesus. Satanás continua a tentar enfraquecer aqueles filhos e filhas de Deus que fazem parte do Reino. E a experiência de muitos é esta: “Por que depois que comecei a seguir Jesus tenho mais tentações, me sinto mais oprimido que antes e tenho mais crises?”

Muitas pessoas, muitos cristãos, uma vez que tomam a decisão de seguir ao Senhor pensam que vão ter uma vida mais tranquila. Mas a verdade é o contrário, pois o demônio não tem interesse em atacar os que não são seguidores de Jesus Cristo. O interesse dele é colocar obstáculos na vida daqueles que decidiram seguir o Senhor. Tanto mais eu “subo a montanha”, tanto mais descubro que as dificuldades são grandes. Os cristãos são as pessoas mais atacadas. Até mesmo os santos o foram.

Não estranhe se, vocês que seguem a Jesus, começam a sentir mais problemas, mais ataques. Isso não é motivo de nos levar a uma crise. Não temos motivo para temer o inimigo, pois ele já foi derrotado. O demônio é que tem de ter medo de você, de mim. A razão é simples. Porque nós somos filhos e filhas de Deus, herdeiros do Reino. Ele tem muita raiva, porque aquilo que foi dado a ele uma vez, agora é dado para nós. Ele tem raiva, tem ódio por causa disso. Ele odeia a cada um de nós. Ela faz tudo para nos enganar, para que possamos voltar desencorajados, desanimados. Ele tenta nos enganar de várias maneiras.

Mas tem uma coisa, uma técnica que ele usa frequentemente para nos atacar. É o desânimo, o desencorajamento. Ele também usa essa "carta do baralho" com os santos. O desânimo não vem de Deus, sempre vem do inimigo, daquele que nos faz desistir de ir em frente.

Vamos olhar para padre Pio de Pietrelcina. Quando um analista do Vaticano disse que ele era um psicopata, este santo entrou numa crise tremenda. Ele olhou para os estigmas dele e se questionou se tudo era falso. Madre Teresa de Calcutá, no seu leito de morte, também viveu uma grande crise ao sentir o amor de Deus longe dela. O bispo teve de enviar um exorcista até ela e convencê-la de que aquele sentimento de não amor não vinha de Deus.

É muito normal que também nós vivamos esses momentos de crise. Seguir Jesus num momento de entusiasmo é fácil, mas continuar O seguindo nos momentos de sofrimento, isso sim é difícil. O inimigo de Deus virá tentá-lo quando você estiver se sentindo fraco, cheio de medos, com raiva, ansiedade, tristeza. É nosso papel lutar contra essas táticas que ele usa para nos desanimar. A tática que ele também usa é nos apresentar meias verdades, porque o demônio é um mentiroso, enganador, trapaceiro. Ele nos apresenta algo que parece muito bom, quando, na verdade, é muito ruim.

O maligno diz que por causa dos seus pecados, você não consegue fazer nenhuma tentativa para ser mais santo. Muitas vezes, nós pensamos que tentações são relacionadas ao sexo, ao sentimento de raiva, ódio. Essas são grandes tentações. Mas temos de estar atentos a uma grande tentação que é não fazer a vontade de Deus. Eu posso tentar vencer esse mal pelo poder que vem do Alto, do Espírito Santo. O inimigo faz de tudo para que eu saia do caminho da vontade do Senhor. Ele ousou tentar Jesus a desobedecer ao Pai, quando O levou ao alto do monte e mostrou-Lhe as cidades, dizendo que elas Lhe pertenciam. A tentação do inimigo a Jesus era muito atraente. O Pai dizia para Jesus ir para a cruz e o inimigo pedia para ele desobedecer ao Pai e ter aquelas cidades. Mas Cristo diz: “Afasta-te de mim, satanás. Eu adoro somente ao Pai”.

Irmãos e irmãs, será uma luta até o fim de nossa vida, mas se nós usarmos as armas não precisamos ter medo nenhum. A primeira arma é a Eucaristia. O inimigo treme diante da Eucaristia, porque ela é sinal de humildade, enquanto o maligno luta para ter poder. Uma outra arma forte contra o inimigo é o sacramento da confissão. Este sacramento é mais poderoso do que a própria oração do exorcismo.

O maligno tem medo da Santíssima Virgem Maria. Numa de minhas orações de exorcismo, quando eu falei o nome de Maria, uma mulher possuída disse, numa língua em latim, a qual ela não conhecia, por meio do inimigo: “Não mencione este nome!”. Ele disse que tem muito medo da humildade de Nossa Senhora. Temos de guardá-la como nossa Mãe.

Momentos de desânimo podem acontecer em nossas vidas. Quando isso acontecer se agarre a Maria. Não tenha medo do inimigo. Não desanimem com as ondas revoltas do mar, porque a vitória é nossa! Uma vez que Jesus derrotou o inimigo, com Jesus, nós também o derrotaremos.

Elias Vela

A Santa Missa é muito mais que uma reunião fraterna



Quando a Liturgia se corrompe, a vida cristã corre perigo


Quando a Liturgia se corrompe, toda a vida cristã corre perigo de se corromper.

A Liturgia é a oração oficial da Igreja, do povo de Deus, do Corpo Místico de Cristo.

Nela [Liturgia], é o próprio Jesus, junto com todos os que estão unidos a Ele pelos laços da fé, do batismo e do Espírito Santo, que se apresenta ao Pai em sacrifício de salvação do mundo inteiro; que ora ao Pai, que lhe oferece louvor, adoração, agradecimento, pedido de perdão, pedido de ajuda…

O centro da Liturgia é JESUS. Ela não é – não pode ser! – propriedade particular de nenhum celebrante, de nenhuma comunidade, de nenhum grupo de fiéis, de ninguém: cabe à Igreja – e só à Igreja – organizá-la, modificá-la, aperfeiçoá-la. Infelizmente, em nome de uma criatividade mal entendida (e de um Concílio Vaticano II mal interpretado), a Liturgia tem sido, muitas vezes, manipulada a bel-prazer.

Indo muito além da liberdade de ação que ela própria permite, tem-se visto de tudo em algumas celebrações litúrgicas.

O fato é que quando as pessoas se permitem certas liberdades no campo da Liturgia, violando suas normas e seus limites, as mesmas atitudes, aos poucos, vão sendo permitidas em outros campos da vida cristã, ou seja, na moral, nos mandamentos, na doutrina e por aí afora. Dessa forma, tudo fica relativo, isto é, tudo depende do ponto de vista de cada um e cada um faz “do jeito que gosta”. Corrompida a Liturgia, corrompe-se também a vida cristã e eclesial.

Sem entrar em detalhes, a Liturgia – sempre! – deve pôr em seu centro JESUS, Sua Vida, Sua Palavra, Sua morte, Sua Ressurreição, Sua Presença no meio de nós. Nesse sentido, não é a comunidade o centro da Liturgia, menos ainda o celebrante. A comunidade e o celebrante se reúnem em torno do Senhor.

É a Ele que deve ser orientada a participação da comunidade e a ação do celebrante, e este deve ter a consciência e a humildade de não pretender ser o centro das atenções; deve rejeitar todo tipo de exibicionismo. Pelo contrário, a fé e a devoção do celebrante devem dar o tom da celebração.

A comunidade precisa ser informada e formada para que sua participação não se torne um “festival”, no qual há muita “alegria e participação”, mas onde falta o silêncio, a concentração, a atenção à Palavra de Deus, o respeito pelo Corpo e Sangue de Cristo. Sobre este ponto, no dia 15 de abril de 2010, ao receber em audiência os bispos do Regional Norte 2 da CNBB, o Papa Bento XVI dirigiu-lhes palavras muito oportunas.

É bom que você conheça as passagens principais e compreenda sua importância para que uma Celebração Eucarística seja autêntica.

– “Sinto que o centro e a fonte permanente do ministério do Papa estão na Eucaristia, coração da vida cristã, fonte e vértice da missão evangelizadora da Igreja. Podeis assim compreender a preocupação do Sucessor de Pedro por tudo o que possa ofuscar o ponto mais original da fé católica: hoje Jesus Cristo continua vivo e realmente presente na hóstia e no cálice consagrados. Uma menor atenção que por vezes é prestada ao culto do Santíssimo Sacramento é indício e causa de escurecimento do sentido cristão do mistério, como sucede quando na Santa Missa já não aparece como proeminente e operante Jesus, mas uma comunidade atarefada com muitas coisas em vez de estar recolhida e deixar-se atrair para o Único necessário: o seu Senhor”.

– “Ora, a atitude primária e essencial do fiel cristão que participa na celebração litúrgica não é fazer, mas escutar, abrir-se, receber… É óbvio que, neste caso, receber não significa ficar passivo ou desinteressar-se do que lá acontece, mas cooperar – porque tornados capazes de o fazer pela graça de Deus – segundo «a autêntica natureza da verdadeira Igreja, que é simultaneamente humana e divina, visível e dotada de elementos invisíveis, empenhada na ação e dada à contemplação, presente no mundo e, todavia, peregrina, mas de forma que o que nela é humano se deve ordenar e subordinar ao divino, o visível ao invisível, a ação à contemplação, e o presente à cidade futura que buscamos» (Const. Sacrosanctum Concilium, 2)”.

– “Se na liturgia não emergisse a figura de Cristo, que está no seu princípio e está realmente presente para a tornar válida, já não teríamos a liturgia cristã, toda dependente do Senhor e toda suspensa da sua presença criadora. Como estão distantes de tudo isto quantos, em nome da inculturação, decaem no sincretismo introduzindo ritos tomados de outras religiões ou particularismos culturais na celebração da Santa Missa (cf. Redemptionis Sacramentum, 79)”!

– “O mistério eucarístico é um «dom demasiado grande – escrevia o meu venerável predecessor o Papa João Paulo II – para suportar ambiguidades e reduções», particularmente quando, «despojado do seu valor sacrificial, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesa» (Enc. Ecclesia de Eucharistia, 10).

– “O culto não pode nascer da nossa fantasia; seria um grito na escuridão ou uma simples auto-afirmação. A verdadeira liturgia supõe que Deus responda e nos mostre como podemos adorá-Lo. «A Igreja pode celebrar e adorar o mistério de Cristo presente na Eucaristia, precisamente porque o próprio Cristo Se deu primeiro a ela no sacrifício da Cruz» (Exort. ap. Sacramentum caritatis, 14). A Igreja vive desta presença e tem como razão de ser e existir ampliar esta presença ao mundo inteiro”.

Até aqui foram as palavras de Bento XVI. Reflita um pouco sobre elas. Pelo que depender de você, ponha no centro da Liturgia, em particular da Eucaristia, o próprio Jesus e, junto com sua comunidade, volte-se para Ele e permita que Ele tome conta de sua vida. Não faça da Liturgia um laboratório de experiências, que só na aparência seriam pastorais…

Respeite a Liturgia tal como a Igreja propõe: respeitar a Liturgia, em particular a Eucaristia, é respeitar a oração do próprio Jesus.

Faça da Eucaristia, celebrada e participada com fé, devoção e respeito, como o “fogo da lareira” que aquece toda a sua vida de discípulo/a de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sem Eucaristia, o mundo iria de mal a pior, pois a Eucaristia é Jesus. E Jesus é o único que pode salvar o mundo.

Dom Hilário Moser, SDB (*)

terça-feira, 20 de julho de 2010

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Vinde a mim vós que estais cansados’

Uma das coisas que sempre me chamaram muito a atenção nos Evangelhos é quanto ao momento – cronologicamente falando – em que Jesus prefigura a instituição da Eucaristia e a institui no cenáculo naquela Quinta-feira Santa, às vésperas da Sua Paixão, Morte e Ressurreição.

Quando o Senhor multiplica os pães, nas duas ocasiões, é no final da tarde, início de noite; é o próprio Cristo que não permite que a multidão saia sem se alimentar, pois já cai a noite. Jesus institui a Eucaristia no final da tarde, início da noite, daquela Quinta-feira Santa; em Emaús, Ele passa adiante, fazendo que iria embora, quando os discípulos dizem: “Fica conosco, Senhor, pois o sol declina e já é tarde”. Que coisa espetacular e impressionante! É algo que precisamos entender profundamente, para que venhamos a viver o que o Ressuscitado pede no Evangelho de hoje: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vosso fardos, e eu vos darei descanso”.

Ora, para entendermos isso, vamos nos remeter àquilo que acontece conosco no cotidiano de cada um de nós, na vida concreta. Não existe nada mais maravilhoso do que chegar em casa no final do dia, depois de um dia cheio, cansativo, tomar um banho, ver a família, tomar uma refeição com as pessoas que amamos e restabelecermos as forças; tudo isso, no final do dia, início da noite, no entardecer.

O que Jesus quer nos ensinar com essa atitude? Quer nos ensinar que devemos fazer isso, com relação às realidades espirituais também; urgentemente! O entardecer para Cristo – quanto ao prefigurar e ao instituir a Eucaristia – não se encontra fundamentado numa realidade cronológica, mas espiritual, ou seja, quando o cansaço bater, quando as situações pesarem, quando a dor chegar e o desgaste sufocar a nossa vida, devemos nos refazer e buscar forças em Deus, na Eucaristia, refugiando-nos no Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é manso e humilde! Tudo isso por meio de uma profunda intimidade com Ele, constantemente.

Devemos aprender a levar o nosso coração fragmentado, dilacerado, dividido, angustiado, para dentro do Coração de Jesus; aliás, providencialmente, este Evangelho caiu exatamente hoje, no dia de São Boaventura, cuja memória celebramos com toda a Igreja. Esse grande santo diz que, assim como os pássaros buscam seu refúgio nas fendas das rochas, depositando ali seus ninhos, da mesma forma devemos nós depositar toda a nossa vida, tudo o que temos e somos, na fenda do Coração Misericordioso de Jesus, Cristo, rasgado pela lança, por amor a cada um de nós.

Receba, Senhor, o nosso coração cansado, dividido, em pedaços e unifique, restaure; refugia-nos em Teu Coração. Sim, Jesus, eu confio em Vós.

Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova

sábado, 3 de julho de 2010

"É errado comungar na boca e de joelhos"





Não é.

A norma tradicional para receber o Corpo de Nosso Senhor, mantida como a única forma lícita por muito séculos, é que se receba diretamente na boca e estando de joelhos, como sinal de reverência e adoração.

Após o Concílio Vaticano II, Roma permitiu, devido ao pedido de algumas conferências episcopais, que em alguns locais os fiéis que desejassem pudessem receber o Corpo de Nosso Senhor na mão.

Por outro lado, os documentos oficiais da Santa Igreja recomendaram que o costume de comungar na boca fosse conservado, e proíbem expressamente que os sacerdotes e demais ministros neguem o Corpo de Nosso Senhor diretamente na boca a quem deseja receber desta forma.

A instrução Memoriale Domini, publicada pela Sagrada Congregação para o Culto Divino em 1969, afirma que, se na antigüidade, em algum local foi comum a prática dos fiéis receberem o Corpo de Nosso Senhor na mão, houve nas normas litúrgicas um amadurecimento neste sentido para que se passasse a receber o Corpo de Nosso Senhor diretamente na boca.

Diz o documento:

"Com o passar dotempo, quando a verdade e a eficácia do mistério eucarístico, assim como apresença de Cristo nele, foram perscrutadas com mais profundidade, o sentido da reverência devida a este Santíssimo Sacramento e da humildade com a qual ele deve ser recebido exigiram que fosse introduzido o costume que seja o ministro mesmo que deponha sobre a língua do comungante uma parcela do pão consagrado."

Mas quais são as vantagens que há em receber o Corpo de Nosso Senhor diretamente na boca? O mesmo documento fala de duas: a maior reverência à Sua Presença Real e a maior segurança para que não se percam os fragmentos do Seu Corpo. Assim ele afirma:

"Essa maneira de distribuir a santa comunhão deve ser conservada, não somente porque ela tem atrás de si uma tradição multissecular, mas sobretudo porque ela exprime a reverência dos fiéis para com a Eucaristia. Esse modo defazê-lo não fere em nada a dignidade da pessoa daqueles que se aproximam desse sacramento tão elevado, e é apropriado à preparação requerida para receber o Corpo do Senhor da maneira mais frutuosa possível. Essa reverência exprime bem a comunhão, não "de um pão e de uma bebida ordinários" (São Justino), mas do Corpo e do Sangue do Senhor, em virtude da qual "o povo de Deus participa dos bens dosacrifício pascal, reatualiza a nova aliança selada uma vez por todas por Deus com os homens no Sangue de Cristo, e na fé e na esperança prefigura e antecipa obanquete escatológico no Reino do Pai" (Sagr. Congr.. dos Ritos, Instrução Eucharisticum Mysterium, n.3) Por fim, assegura-se mais eficazmente que a santa comunhão seja administrada com a reverência, o decoro e a dignidade que lhe são devidos de sorte que seja afastado todo o perigo de profanação das espécies eucarísticas, nas quais, "de uma maneira única, Cristo total e todo inteiro,Deus e homem, se encontra presente substancialmente e de um modo permanente"(Sagr. Congr. dos Ritos, Instrução Eucharisticum Mysterium, n. 9); e para que seconserve com diligência todo o cuidado constantemente recomendado pela Igreja noque concerne aos fragmentos do pão consagrado."

As normas litúrgicas são bem claras em afirmar que "os fiéis jamais serão obrigados a adotar a prática da comunhão na mão." (Notificação da Sagrada Congregação para o Culto Divino, de Abril de 1985).

Aqueles que comungam na mão precisam atentar, ainda, para que não se percam pequenos fragmentos da Hóstia Consagrada, nos quais também Nosso Senhor esta presente por inteiro - isto seria, de fato, uma profanação. Também se permitiu, em alguns locais, que se receba o Corpo de Nosso Senhor estando em pé. Mas da mesma forma que a Sagrada Comunhão na mão, isto se permitiu como uma concessão à regra tradicional,afirmando-se que os que desejarem receber o Corpo de Nosso Senhor ajoelhados, em sinal de adoração, são livres para fazê-lo. É o que afirma a Sagrada Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos:

"A recusa da Comunhão a um fiel que esteja ajoelhado, é grave violação de um dos direitos básicos dos fiéis cristãos. (...) Mesmo naqueles países em que esta Congregação adotou a legislação local que reconhece o permanecer em pé comopostura normal para receber a Sagrada Comunhão, ela o fez com a condição de que os comungantes desejosos de se ajoelhar não seria recusada a Sagrada Eucaristia.(...) A prática de ajoelhar-se para receber a Santa Comunhão tem em seu favoruma antiga tradição secular, e é um sinal particularmente expressivo de adoração, completamente apropriado, levando em conta a verdadeira, real esignificativa presença de Nosso Senhor Jesus Cristo debaixo das espécies consagradas. (....) Os sacerdotes devem entender que a Congregação considerará qualquer queixa desse tipo com muita seriedade, e, caso sejam procedentes,atuará no plano disciplinar de acordo com a gravidade do abuso pastoral."(Protocolo no 1322/02/L)

Tal intervenção foi reiterada em 2003.

Também a instrução Redemptionis Sacramentum, instrução publicada pela mesma congregação em 2004, determina (n. 91):

"Qualquer batizado católico, a quem o direito não o proíba, deve ser admitido à sagrada Comunhão. Assim pois, não é lícito negar a sagrada Comunhão a um fiel, por exemplo, só pelo fato de quererreceber a Eucaristia ajoelhado ou de pé."


Comentário sobre este Mito (02/07):

O Papa Bento XVI, nosso Santo Padre, surpreendeu a muitos a partir de 2008, quando restaurou o uso do genuflexório para a Comunhão e em suas Missas em Roma, com os fiéis passando a receber dele o Corpo de Deus de joelhos e na boca.

O significado disso é que Nosso Senhor Jesus Cristo que Nosso Senhor Jesus Cristo está presente verdadeiramente no Santíssimo Sacramento do Altar, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, nas aparências do pão e do vinho, como afirma o Catecismo da Igreja Católica (Cat.), nos números 1374-1377.

Sobre este assunto, o Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior assim abordou em sua entrevista concedida ao nosso blog, explicando também as razões do Papa para tomar tal atitude:

"Eu devo confessar uma coisa: eu, durante vários anos como padre, insisti terminantemente que as pessoas comungassem na mão, devido aos meus estudos. Eu estudei as catequeses mistagógicas de São Cirilo, e lá ele ensina a comungar na mão. E eu insistia nisso, porque afinal das contas, são os Santos Padres que estão nos ensinando; é a volta às fontes. E eu insistia nisso, e ficava até com raiva quando um seminarista vinha comungar na boca. Mas vejam: eu sou canonista, e também sabia que o seminarista tinha o direito de receber a comunhão na boca. Por isso, eu não proibia, só ficava incomodado. Tudo isso era o que eu lutava e cria até a pouco tempo atrás, até que Bento XVI me deu uma rasteira.

Bento XVI começou a dar a comunhão na Liturgia do Papa para os fiéis de joelhos, num genuflexório e na boca. Eu fiquei inicialmente chocado com aquilo, até que eu fui estudar. Por que ele é Papa! Se ele está tomando uma atitude, alguma razão tem. Então eu fui estudar quais são as razões, e como é que surgiu a comunhão na mão.

A primeira coisa que me espantou: descobri que a comunhão na mão - que é algo que podemos fazer, porque foi permitido – ela é uma excessão, segundo a lei canônica; ou seja, canonicamente a forma normal, comum, corriqueira , de se comungar, é na boca. É isso que foi colocado na legislação por Paulo VI e está nas várias legislações de João Paulo II. Mas desde que Paulo VI concedeu a comunhão na mão, ela é claramente uma exceção, permitam-me a redundância, excepcionalíssima. Vamos ficar com a verdade: a atual legislação da Igreja diz que a comunhão normal é na boca.

No Missal de Paulo VI , quando ele foi aprovado em 1969 e 1970 – são as primeiras aprovações do Missal que nós celebramos – não existe nenhuma referência à comunhão na mão. A coisa surgiu depois. E investigando, eu descobri que nos países do Norte da Europa – Holanda, Alemanha... – o pessoal começou a comungar na mão por iniciativa própria, por desobediência. O Papa ficou sabendo, e o Vaticano disse: parem com isso! Mas o pessoal continuou. Então chegou uma hora em que, para não ter uma rebelião em massa, o Vaticano deu uma autorização as Conferências Episcopais – como a CNBB, aqui no Brasil, por exemplo – para que elas, se acharem oportuno, peçam permissão a Santa Sé e a Santa Sé então dá permissão para a Conferência receber a comunhão na mão; mas o normal continua sendo a comunhão na boca. E isso eu descobri lendo um livro de um Arcebispo que foi responsável por toda a Reforma Litúrgica: Dom Annibale Bugnini (La Riforma Liturgica 1948 – 1975, Roma: CVL). Foi ele o chefe da comissão responsável por elaborar o Missal que nós temos hoje. E isso ele disse claramente, é ele que narra; eu não ouvi isso de uma fofoca.

Quais são as razões de Bento XVI agora estar dando a comunhão na boca e de joelhos? O Papa já falou algumas vezes, quando ele era cardeal, e ultimamente ele tem falado através dos seus ajudantes. Portanto, as informações que vou passar aqui são de ajudantes do Papa, como seu mestre de cerimônias, Mons. Guido Marini; o ex-secretario da Congregação para o Culto Divino, Dom Ranjith, e o atual Prefeito da Congregação para o Culto Divino, cardeal Cañizares. O Papa acha que nós estamos correndo um risco muito grande de perder a devoção e a fé na Eucaristia. Infelizmente, em alguns lugares da Igreja, a Presença Real de Jesus na Eucaristia está se tornando uma piada: ninguém acredita mais.

São Cirilo de Jerusalém, em suas Catequeses Mistagógicas, recomendava aos seus fiéis que recebessem a comunhão nas mãos, e eu não estou recriminando isso: não é pecado receber a comunhão na mão. Mas São Cirilo não vive nos nossos dias, e eu duvido que na época dele houvesse esse tipo de escândalo que existe hoje, de gente que perdeu a fé na Presença Real de Jesus na Eucaristia. Isso é muito grave e nós precisamos fazer alguma coisa.

Não é uma questão de arqueologia litúrgica: se formos fazer arqueologia, é evidente que a comunhão na mão é muito mais antiga, é muito mais tradicional, do que a comunhão de joelhos e na boca. Mas o problema é que nós estamos em uma época em que a Presença Real de Jesus na Eucaristia está sendo esquecida, deixada de lado, e isso mudou a minha opinião: o Papa tem razão. Uma pessoa que recebe a comunhão de joelhos está se inclinando diante da Majestade de Deus: Deus é Deus, eu não sou nada. A pessoa que está recebendo a Comunhão na boca porque até a migalha mais pequenina da Hóstia Consagrada é preciosa; não somente é pedagógico, mas é verdadeiramente adoração, é verdadeira devoção eucarística, é verdadeira entrega a Deus.

Nos tempos que correm, nós não podemos nos dar ao luxo de arqueologismos litúrgicos. No primeiro milênio não tinha comunhão na boca, mas também não tinha herege que não acreditava na Presença Real de Jesus na Eucaristia. Nós estamos em um tempo diferente, e a Igreja evolui também na sua forma de demonstrar devoção a Cristo. Foi de mil anos para cá que começaram aquelas heresias que negaram a Presença de Cristo na Eucaristia que culminaram com a reforma protestante, que a negou de vez, e agora estamos nessa situação.O Papa está nos dando exemplo de devoção eucarística, de verdadeira união a tradição da Igreja, mas uma tradição que sabe evoluir ao longo dos tempos; a Igreja sabe, como mãe e mestra, colocar o remédio certo na hora certa. E em um tempo em que, infelizmente, acontecem abusos e padres que perdem a fé na Presença de Jesus na Eucaristia, a Igreja como mãe e mestra quer renovar essa fé."

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Citamos também as palavras de Mons. Albert Ranjith (na época, nada menos que Secretário da Congregação para o culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos), no prefácio do livro "Dominus Est", de autoria do Bispo Athanasius Schneider (o livro é fabuloso, foi publicado recentemente e nós publicamos um comentário em nosso blog):



"O Papa Bento XVI ... esclarece que "receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração d'Aquele que comungamos. ...somente na adoração pode maturar um acolhimento profundo everdadeiro."(Sacramentum Caritatis 66).Seguindo essa tradição, fica claro que se tornou coerente e indispensável tomar ações e atitudes de corpo e espírito que facilitem [entrar em] o silêncio, o recolhimento e a aceitação humilde de nossa miséria face à grandeza e a santidade infinitas Daquele que vem ao nosso encontro sob as espécies Eucarísticas. A melhor forma de expressar nosso senso de reverência para com o Senhorna Missa é seguir o exemplo de Pedro, quem, como nos diz o Evangelho, atirou-se de joelhos ante o Senhor e disse, "Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador." (Lc 5, 8) Atualmente podemos observar que em algumas igrejas essa prática está decrescendo e aqueles responsáveis além de exigirem que os fiéisdevam receber a Santíssima Eucaristia de pé, ainda eliminam todos os genuflexórios, forçando os fiéis a se sentarem ou permanecerem de pé,mesmo durante a elevação e adoração das [Sagradas] Espécies. É irônico que tais medidas tenham sido tomadas em [algumas] dioceses por aqueles que são os responsáveis pela liturgia, ou em igrejas, por pastores, sem sequer fazerem uma mínima consulta aos fiéis, adespeito de hoje em dia, muito mais do que antes, haver um ambientedesejoso de democracia na Igreja. Ao mesmo tempo, acerca da comunhão nas mãos, deve-se reconhecer que aprática foi impropriamente e rapidamente introduzida em algumasdioceses da Igreja logo após o Concílio, mudando aquela antiqüíssima prática, tornando-a uma prática regular em toda a Igreja. [...]
Quaisquer que sejam as razões para esta prática, não podemos ignoraro que está acontecendo no mundo inteiro onde a mesma tem sido implantada. Esse gesto tem contribuído para um gradualenfraquecimento da atitude de reverência para com a sagradas espécies Eucarísticas, enquanto que na prática anterior salvaguardava-semelhor o sentido de reverência."

E referindo-se a Comunhão de joelhos e na boca, afirma:

"Agora eu penso que é o momento ideal para se rever e reavaliar tão boas práticas e, se necessário, abandonar a prática corrente que não foi exigida nem pela Sacrosanctum Concilium nem pelos Padres da Igreja, mas foi apenas aceita depois de sua introdução ilegítima em algum países. Agora, mais do que nunca, nós temos a obrigação deajudar os fiéis em desenvolver novamente uma fé profunda na Presença Real de Cristo nas espécies Eucarísticas a fim de que se fortaleça avida da Igreja e a defenda em meio ás perigosas distorções da fé queesta situação continua causando."
E prosseguindo esta reflexão, vejamos os dois lados da moeda:

Quanto à comungar de joelhos, reforço primeiramente um lado: há, para o Brasil, a concessão para se comungar de pé e na mão. NÃO é o caso de se ver como desobediente alguém por comungar de pé e na mão, onde há autorização para iso.

Por isso, fica claro que NÃO estamos falando aqui, absolutamente, de "legalismo", já que, nestes casos que falamos, comungar de joelhos e na boca vai além do que as normas litúrgicas obrigam; mas sim, procurando entender o valor desses gestos que a tradição católicos tanto valoriza.

Retomamos o que já dissemos anteriormente:

Se eu estou ajoelhado, estou recordando a mim mesmo e a quem me vê que NÃO estou diante de algo qualquer, mas DIANTE DE DEUS. E isso me incentiva a Adorá-lo!

Ignorar o valor desses sinais sagrados é ignorar a própria alma humana, a influência do meio externo e a importância dos elementos simbólicos.

A Liturgia católica é extremamente humana: compatível com todas as necessidades do ser humano.
Passemos a palavra ao Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, no seu maravilhoso livro "Introdução ao Espírito da Liturgia":

"É possível que a posição de joelhos se tenha tornado estranha à cultura moderna - na medida que esta última se tenha afastado da Fé, não reconhecendo mais Aquele perante o qual o gesto correte é intrínseco é - estar de joelhos. Quem aprende a ter fé, também aprende a ajoelhar-se; uma Fé ou uma Liturgia que desconhecesse a genuflexão seria afetada num ponto central. Onda ela se perdeu, tem que ser reaprendida, para que a nossa oração permaneça na Comunidade dos Apóstolos, dos Mártires, de todo o Cosmos e em união com o próprio Jesus Cristo."

Vivemos em uma sociedade de imagens, e "uma imagem fala mais do que mil palavras"...

No sentido de resgatar o belo gesto litúrgico da Comunhão de joelhos, muitas experiências tem sido feitas em todo Brasil (algumas por nós mesmos, outras que publicamos no blog...) de, ***em ambientes pastoralmente preparados para isso*** (isto é, com um público já tendo recebido uma formação espiritual e catequética básica a respeito da Eucaristia, com o apoio do sacerdote...), se seguir o exemplo do Papa e se colocar um genuflexório para o momento da Comunhão, para que aqueles que desejam comungar de joelhos sintam-se mais a vontade para o fazerem.


Vemos que muitos tem esse desejo de comungar de joelhos, mas sentem-se contrangidos para isso. Essa sugestão do genuflexório (repetimos: em ambiente ***pastoralmente preparados para isso***, com o apoio do sacerdote!) seria uma solução para isso. E NÃO se trata, evidentemente, de impor a Comunhão de joelhos; até porque aqueles que desejarem comungar em pé, mesmo com o genuflexório em frente, são livres para o fazer.


Nestes casos, na hora da comunhão pode ser orientado algo como:


"Os que desejaram, poderão se ajoelhar no genuflexório para, em sinal de adoração receber o Corpo de Nosso Senhor de joelhos..."


Mas por outro lado, temos recebido notícias escandalosas, de várias partes do Brasil, de sacertotes e ministros que tem negado ministrar o Corpo de Nosso Senhor à quem deseja recebê-Lo ajoelhado, fazendo-o passar por uma situação humilhante e constrangedora e gerando um escândalo enorme.


Algumas vezes - EU JÁ VI! - com um grosseiro "LEVANTA!", em plena fila da Comunhão...e com o Corpo de Deus na mão! De uma forma grosseira e mal-educada que, socialmente, não seria aceita nem em fila de supermercado...


Como já falamos anteriormente, temos então, nestas situações em que citamos, algo como se fosse uma "joelhofobia" (como já falamos sobre um artigo) em desacordo com o senso litúrgico e em desobediência explícita à lei da Santa Igreja. E escuto para isso argumentações como: "Deve-se estar não de joelhos, mas em pé como sinal de prontidão"; ou "A Eucaristia é banquete e ninguém come ajoelhado"; ou ainda "A Eucaristia é para ser comida, não para ser adorada".Ora, todas estas argumentações estão equivocadas, pois a Hóstia Consagrada é a Presena Real e Substancial de Nosso Senhor!


Por isso mesmo que o citado documento de Roma (da Sagrada Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, Protocolo no 1322/02/L, com reeiteração em 2003) afirma que "a recusa da Comunhão a um fiel que esteja ajoelhado, é grave violação de um dos direitos básicos dos fiéis cristãos."


E ainda afirma o mesmo documento:


"Os sacerdotes devem entender que a Congregação considerará qualquer queixa desse tipo com muita seriedade, e, caso sejam procedentes,atuará no plano disciplinar de acordo com a gravidade do abuso pastoral."


A Instrução Redemptionis Sacramentum afirma ainda que todos tem responsabilidade em procurar corrigir os abusos litúrgicos, mesmo quando isso implica em expor queixa aos superiores. Diz o documento (n. 183-184):


"De forma muito especial, todos procurem, de acordo com seus meios, que o santíssimo sacramento da Eucaristia seja defendido de toda irreverência e deformação, e todos os abusos sejam completamente corrigidos. Isto, portanto, é uma tarefa gravíssima para todos e cada um, excluída toda acepção de pessoas, todos estão obrigados a cumprir este trabalho. Qualquer católico, seja sacerdote, seja diácono, seja fiel leigo, tem direito a expor uma queixa por um abuso litúrgico, ante ao Bispo diocesano e ao Ordinário competente que se lhe equipara em direito, ante à Sé apostólica, em virtude do primado do Romano Pontífice. Convém, sem dúvida, que, na medida do possível, a reclamação ou queixa seja exposta primeiro ao Bispo diocesano. Para isso se faça sempre com veracidade e caridade."


Nas aparições da Santíssima Virgem em Fátima (Portugal, 1917), oficialmente reconhecidas pela Santa Igreja, quando o Anjo apareceu para as crianças, antes da Virgem aparecer, ele trazia consigo uma Hóstia Consagrada. Prostrando-se por terra, ensinou a elas a seguinte oração:


"Meu Deus: eu creio, adoro, espero-vos e amo-vos. Peço-vos perdão por aqueles que não crêem, não adoram, não esperam e não vos amam."


Que pela intercessão da Santíssima Virgem, Mãe da Eucaristia, e dos santos anjos que rodeiam os altares de Deus, nós possamos crer por aqueles que não crêem, adorar por aqueles que não adoram, esperar por aqueles que não esperam em Deus e amar por aqueles que não amam o Deus-Amor Sacramentado..."

sexta-feira, 2 de julho de 2010

É fácil seguir Jesus?

Somos humanos e passíveis de erros e imperfeições

A Santa Eucaristia é a celebração do serviço de Nosso Senhor Jesus Cristo pela humanidade.


O início da narrativa do Evangelho do décimo terceiro domingo do Tempo Comum é uma introdução solene da viagem de Jesus a Jerusalém. É o começo de Sua volta ao Pai e Ele apresenta Suas condições para quem quer segui-Lo. Mas não é tão fácil e simples seguir esse Jesus, que pôs o pé na estrada. Dois discípulos precisam ser "exorcizados” quanto ao preconceito racial e à intolerância religiosa. Outros são provocados a abandonar segurança, a rever prioridades e a romper laços familiares para pertencer a uma família que não se constitui a partir dos laços de sangue.


As palavras de Jesus neste Evangelho são dirigidas a todos os cristãos. Ele exige tudo de todos para sermos cristãos. Não podemos nos apegar nem mesmo à nossa alma, que é uma de nossas posses; devemos nos desapegar de tudo e seguir Cristo. Desde que dirijamos nossa vida para Deus, não devemos nos perturbar. É preciso vencer os prazeres carnais e conduzir nossa vida da melhor maneira, abandonando todo o restante para Aquele que tem o poder de fazer tudo o que quiser.


O Senhor nos conhece. Ele sabe que não nos transformamos de uma hora para outra. Mas o nosso objetivo deve ser ir nos aperfeiçoando até chegar ao ideal cristão. Não é fácil, mas é possível. Só depende de nos tornarmos cristãos autênticos. E, justamente porque não é fácil, é que é importante, valioso.


Somos humanos e passíveis de erros e imperfeições, mas também somos divinos, porque fomos criados à imagem e semelhança de um Deus uno e trino, que fez o Cristo se tornar humano entre nós a fim de que aprendêssemos a assumir a divindade em nosso interior.

Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora(MG)

A luta contra o pecado


Esse mal nos escraviza e nos separa de Deus

Fazer a vontade de Deus é, antes de tudo, lutar contra os nossos pecados; pois eles nos escravizam e nos separam de Deus. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos mostra toda a gravidade do pecado:


"Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave do que o pecado, e nada tem consequências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro" (CIC § 1488).


São palavras fortíssimas que mostram que não há nada pior do que o pecado. Por outro lado, o Catecismo afirma que ele é uma realidade.


O pecado está presente na história dos homens. Tudo o que há de mau na história do mundo é consequência do pecado, que começou com Adão e que continua hoje com seus filhos.


Toda a razão de ser da Encarnação do Verbo foi para destruir, na Sua carne, a escravidão do pecado.

O demônio escraviza a humanidade com a corrente do pecado. Jesus veio exatamente para quebrar essa corrente. Com a Sua Morte e Ressurreição triunfante, Cristo nos libertou das cadeias do pecado e, pela Sua graça, podemos agora viver uma nova vida. São João deixa bem claro na sua carta:

“Sabeis que Ele se manifestou para tirar os pecados” (1Jo 3,5). “Para isto é que o Filho de Deus se manifestou, para destruir as obras do diabo” (1 Jo 3,8).

Essa “obra do diabo” é exatamente o pecado, que nos separa da intimidade e da comunhão com Deus, e nos rouba a vida bem aventurada.


Com a sua morte e ressurreição triunfante, Jesus nos libertou das cadeias do pecado e, pela sua graça podemos agora viver uma nova vida. É o que São Paulo ensina na carta aos colossences:

“Se, pois, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus” (Col 3,1).

Aos romanos ele garante: “Já não pesa mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. A Lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te libertou da lei do pecado e da morte” (Rm 8,1).

Aos gálatas o Apóstolo diz: “É para a liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei firmes, portanto, e não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão” (Gl 5,1).


Assim como a missão de Cristo foi libertar o homem do pecado, a missão da Igreja, que é o Corpo místico do Senhor, a Sua continuação na história, é também a de libertar a humanidade do pecado e levá-la à santificação. Fora disso a Igreja se esvazia e não cumpre a missão dada pelo Senhor.


A salvação se dá pelo perdão dos pecados; e já que “só Deus pode perdoar os pecados” (cf. Mc 2, 7), Ele enviou o Seu Filho para salvar o povo d'Ele dos seus pecados. Por tudo isso, o mais importante para o cristão é a luta contra o pecado; se preciso for “chegar até o sangue na luta contra o pecado” (cf. Hb12,4).



Felipe Aquino